segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Desconexos Reflexos Perplexos



Reflexo ambíguo
perplexo
em espelho atoa
convexo

e são frases nuas sem
nexo
ungidas por santos
complexos

com chapéus velhos
circunflexos,
e as dores na minha lesão de
plexo

são como luzes em
retroflexo
refletindo meus nervos
desconexos;

e no pensamento
anexo
antepassados longínquos
implexos

rezando rosários em
genuflexo,
e o final é um vasto
amplexo

entrelaçando a ação do
sexo
na alcova com o corpo
desanexo.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Pensante



Meus pensamentos enevoados
confundem e turvam os sentimentos
mas, é somente mais um dia vasto
enquanto alguns dormem acordados.

Meus pensamentos são poesias
e a neblina se dissipa eloquente
mas, é somente a noite vasta
vomitando estrelas no para-brisas.

Meus pensamentos então se calam
e o sol noturno agora é avassalador
mas, é somente a eternidade vasta
se colocando a frente dos meus pés.

Meus pensamentos agora são acordes
e na minha janela um violoncelo
dedilha notas de um certo estupor
dedilha canções de um puro amor.


Jonas R. Sanches
Imagem: Marcel

domingo, 29 de dezembro de 2013

Fronteiras da Vida



Fronteiras do tempo e do espaço
dividem os laços desse seu olhar
que mira entre sonhos a estrela
que brilha sozinha em algum lugar.

Fronteiras da mente e do corpo
dividem-me em três seres a pensar
nas coisas gravadas no espírito
que vagam distantes querendo voltar.

Fronteiras do interno e do externo
dividem o mundo real da imaginação
que brota na entranha das letras
e tal qual cometa foge a imensidão.

Fronteiras dos versos e do poeta
dividem qual flecha em dois o coração
que bate e rebate os amores e as dores
que ficam refletem o homem malsão.

Fronteiras que passo e transpasso
em busca de eus ocultos no inconsciente
que esconde os segredos da vida
que passa eterna aos olhos da gente.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sábado, 28 de dezembro de 2013

Novo Ano... Novos Horizontes



E no horizonte nova luz desponta
é a luz de um ano vindouro,
é a luz da esperança se renovando
e deixando para trás as tristezas.

E no horizonte desponta um novo porvir
que enche-nos de branda paz,
que desperta em nós um novo querer
deixando para trás aquilo que não serve mais.

E no horizonte um novo sorriso do sol
se despedindo junto ao ano que esvai,
se despedindo junto as luzes do arrebol
que guardam aquilo que fizemos de bom.

E no horizonte uma poesia de novo ano
esperando versificar tudo de novo,
alegrias, tristezas, amor e dor;
e no horizonte desponta uma nova cor.


Jonas R. Sanches

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Lembranças Roubadas



Roubaram minhas lembranças
e agora é cinzento o infinito,
toda a cor se esvaiu nos sonhos
e foi-se embora com a imaginação.

Anoiteceram meus sentimentos
e agora é escuro meu futuro,
toda a luz se esvaiu dos olhos
e partiu em mil cacos o coração.

O que contemplo é sofrimento
e agora calo e não mais me abro,
e agora tento escutar a voz das estrelas
que fazem-me intrigas a me olhar.

Roubaram minhas lembranças
e agora não posso mais partir,
meus pés estão cansados de tantas farpas;
descansarei minh’alma pelas escarpas.


Jonas R. Sanches
Imagem: Chinaira

Juntos na Luz do Infinito



Eu já não quero mais fugir,
eu já não quero falecer
só quero uma chance pra voar
só quero uma chance com você;
te levar comigo entre as estrelas
para juntos espalharmos poesias,
para espalharmos nossas células
e desintegrarmo-nos na luz do infinito.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Caminhando Pelos Trilhos



Vou pelos trilhos,
pela luz do meu caminho
tentando um pouco,
um pouco mais do eu sozinho.

Vou pela senda,
senda dos meus pensamentos
perambulando,
sentimentos de momento.

Vou pelas vias,
vias de versos; poesias,
contenção da alegria,
alegria da minha gira.

Vou pelos trilhos,
trilhos, trilhas e pergaminhos
vou escrevendo nova história,
história de um eu sozinho.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

É Natal e a Fome é Real



É natal e a festa segue,
e a miséria segue fugaz
a desolar o homem;
e no alforje de sonhos

quem sabe um dia melhor
quem sabe um dia pior
ou quem sabe a mesma hipocrisia
dessa data, desse dia

onde há o desperdício
onde há a fome presente,
entrelaçados;
em uma sociedade de ilusões.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Deus-Menino



Eis que chegaram em Belém
em busca de um abrigo
mas foi em uma manjedoura que nasceu
o nosso Rei Deus Menino

e trouxe com Ele o verdadeiro Amor
e trouxe em Si a Verdade;
tomou para Si toda a dor
que afligia a humanidade.

Eis que chegou em Belém
um Filho portador da Luz,
eis que nasceu nosso Rei
sê bem-vindo Menino Jesus.


Jonas R. Sanches

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Mergulhos Silenciosos



Me resta o mergulho silencioso
nos mares do eu misterioso
onde há Deus e não há solidão,
onde minha consciência se recolhe;

e nessas águas viagens astrais
e o reencontro é com outra vida
onde há outro eu de outro tempo;
onde o inconsciente é revelação.

Vislumbres da profundeza calada
de um oceano de ponderações
onde há algo ainda incompreendido,
e aos olhos do espírito é a lembrança;

e nas visões ainda sou uma criança
que tateia seus primeiros sentidos
que mira uma jornada infinita;
e os sonhos presentes são translúcidos.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Das Canções Infinitas de uma Vitrola Enferrujada



E a canção soou na mente
de parafernálias e pensamentos;
soou sua voz macia no amanhecer
e acariciou meus tímpanos agudos.

E a canção soou novamente
com notas antigas de um rabecão;
partituras que avassalam corações
partilhadas com a fogueira e o luar.

E a canção soou eterna
e eram de harpas angelicais;
bemóis e sustenidos divinos
entrecortados pela voz da criação.

Canções infinitas alienígenas
em rádios-vitrola superlativos,
em trombetas e guitarras amarelas
no rádio relógio na escrivaninha.

E a canção não cessou e o céu rugiu
e foram leões que assistiam a sinfonia;
e do lado de fora do guarda-roupas
o poeta anotava tudo desapressado.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

domingo, 22 de dezembro de 2013

Soneto de uma Flor Dantesca e uma Borboleta Pitoresca



De um pensamento assim translúcido
alguma flor brotou inóspita
enquanto o grito que foi lúcido
deixou a borboleta atônita.

De um pensamento assim esvoaçado
alguma flor brotou dantesca
enquanto um gesto entrelaçado
deixou a borboleta pitoresca.

Pensamento, flor e borboleta,
enfeitando os campos do planeta;
poetas, jardineiros de palavras

semeando versos de suas lavras
entremeio aos auspícios oriundos
captados de sonatas de outros mundos.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Jardim das Cruzes



Vejo as cruzes das batalhas
desde tempo imemoráveis
vejo o sangue que escorre
e almas que se estraçalham.

Vejo as guerras corromperem
e inocentes se matarem
vejo homem contra homem
pelos campos de batalha.

Vejo a fome e a miséria
de uma terra carcomida
vejo a arma e o soldado
e a carne sangra já ferida.

Vejo guerras e mais guerras
e a ganância varre a terra
vejo a injustiça e o espólio
e o sangue é o preço do petróleo.

Vejo mil golpes desferidos
e as cabeças vejo rolarem
e nos olhos de uma criança
eu já não vejo a esperança.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sábado, 21 de dezembro de 2013

Das Pinturas Cotidianas de Deus



A cada dia uma nova obra
e Deus escolhe os seus pincéis
e espalha as tintas pelos céus

fazendo auroras e arrebóis
e em tons mais claros algo mais
pintando o verde nos matagais

como aquarela infinita
escolhe as cores mais bonitas
e vai vestindo todos jardins

com rosas, alstromérias e lisiantos
e outras flores como arco-íris
e faz-se a cor na luz da íris

e pinta esdrúxulos insetos
com suas nuances do incerto;
faz nova cor, mistura-a ao animal

e assim vai sendo a cada dia
e assim a borboleta renascia
com outras asas, de outros tons;

se misturando azuis e marrons
se misturando os gostos do Pai
que com olhar de menestrel

deixa o rastro do seu pincel
e faz tela de naturezas
e faz dos dias novas belezas

e faz retrato de perfeição
que toca o rubro do coração
nessa aquarela de pura divinação.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

De Quando Amanheço do Avesso



Quando amanheço assim
sem mais nem menos
sem Sol nem Vênus
apenas um blues na minha vitrola;

vejo que o tempo é meu,
vejo o meu tempo ir embora
e ele vai na fresta do infinito
e ele carrega aquele antigo grito.

Quando amanheço assim
com meu pijama,
com um café e um cigarro a cama
eu sei que flui algum dos pensamentos

que cativei em algum outro tempo;
e lá na esquina dessa poesia
é onde a noite se despede ao dia,
é onde a morte então renova a vida.

Quando amanheço eu ouço o passarinho
cantando baixo, quase um burburinho;
voando alto como alados versos
buscando um tempo que anda transverso,

buscando a nota cálida de um vulcão
que beija em ápice de uma erupção
a tez molhada de uma nuvem plúmbea
e faz chover dentro do coração.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Das Flores Murchas



Quando vejo a flor que murcha
e no vento sua pétala se esvai
reparo que na idade a vida vai
e nos cabelos brancos minhas obras.

Quando vejo a flor morrer ao pôr do sol
penso na morte que se esconde no arrebol,
penso na vida que é tão curta e sofrida;
penso no amor que veio e já se foi.

Quando vejo a rosa murcha no jardim
e suas pétalas tão secas solitárias
penso que que a isso minha vida é análoga
pois envelheço e sei que só eu vou partir.

Quando eu vejo as flores vivas pela campa
sei que ali estão à morte a enfeitar
sei que nas pétalas da vida que foi ferida
partiu os sonhos e foi viver noutro lugar.


Jonas R. Sanches
Imagem: George Hodan

Das Sensações que Vem e Vão



As vezes ela passa apressada
pela minha vida
seu nome é cheio de graça,
seu nome é alegria.

As vezes ela chega sozinha
e se instala na minha alcova
seu nome não tem coração,
seu nome é solidão.

As vezes ela passa depressa
as vezes ela chega e fica
no seu nome não vejo beleza,
seu nome é tristeza.

As vezes ele vem sorrateiro
vem de mansinho, é estrangeiro;
seu nome já me causou muita dor
seu nome é simplesmente amor.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Sou Eu Quem Sabe



Sou eu quem sabe
alguma planta em extinção
ou sou miragem
d’água em condensação.

Sou em quem sabe
aquele trote pelo estradão
ou sou amor, talvez paixão
sou eu do químico a solução.

Sou eu quem sabe
ou talvez inda nem sou
ou fui um rio de correnteza
que na pedreira então passou.

Sou eu quem sabe
ou sou somente pensamento
talvez um sopro de algum vento
ou sem nenhum vento eu sou calor.

Sou eu quem sabe
ou sabe ser só poesia
ser letra ou fato versificado
talvez retrato diversificado.

Sou eu quem sabe
ou talvez inda não sou;
sou eu ou fui ou já ficou
um outro eu na encruzilhada.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Caótico



Ilusão de ótica
relação caótica
pálpebras relativas

poesias nocivas
poetas notívagos
flores embalsamadas

digeridas às amálgamas
dirigidas pelo obvio
de homens

de horas
de harpas
dedilhadas apressadas

notas esvoaçadas
cotovias aninhadas
em versos insanos

em versos antigos
em língua estrangeira
em língua materna

em braços
em pernas
esticadas nas cadeiras

enfurnadas nas ladeiras
noites com pederneiras
açoitando uma fogueira

e um violão
e a lua
e o fim.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Se Houvessem Flores



Se houverem flores no meu jardim
haverão cores em nossos amanhãs
e nas pétalas inóspitas do desconhecido
um fragmento da verdade imaculada.

Se houverem vestígios de mim
foi porque deixei meus versos
tão vazios que são incompreensíveis
àqueles que não sabem ler.

Todas as coisas boas passaram
e espero por dias melhores;
são coágulos que me transpassaram
ocultados nos pormenores.

Se houverem mágoas
perdoarei;
pois lavrei a alma na poesia
e no verso insalubre naveguei.

Se houver algo mais
grite-me audível
pois, já estou adormecendo
e nas escalas da vida não me surpreendo;

mas, se forem demais minhas palavras
abandone-me, esqueça-me;
pois sou só isso que vislumbra
e se for depois agora é meu nunca.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Processos Alquímicos



De algum tempo que me lembro a alegria
de um menino que sonhava acordado
de um menino que colhia o orvalho
e manipulava-o junto ao leite da virgem.

De algum tempo que o cadinho inda luzia
em fogo brando os estágios dessa vida
e o menino que nos jardins colhia ouro
e no mercúrio e sal da terra adormecia.

De algum tempo o cozimento necessário
entre os estágios d’alma que se transmuta
e o menino que vislumbrava a pura luta
dos elementos que reuniam-se aos ventos.

De algum tempo que agora é de eternidade
no gole áspero do elixir, sangue dos deuses
e o menino brincava junto aos Jardins de Elêusis
como o alquimista brincando com as estrelas.

De algum tempo que eu me lembro da alegria
encarcerada em recipiente onde luzia
nos sete tempos na chama ardente dessa magia
que desde os tempos denominou-se de Alquimia.


Jonas R. Sanches

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Das Espadas o Fio da Vida Eterna



De uma espada que transpassa
o virgem ventre do universo
o som do fogo, a mãe do verso;
e a melodia ressoa infinita.
                       
Dessa espada que carrego
e do mal que assim renego
o som da lira, a chama e a pira;
e as estrelas crepitam infinitas.

Da espada o mistério dos iniciados
tão velados pelas bocas e olhares
naufragados pelo sangue, pelos mares;
e das profundezas eis que renasce a fé.

Da espada esse gládio assassino
tão feroz mas ainda tão menino
e um vislumbre do beijo amigo;
um beijo amargo que marca o fim.


Jonas R. Sanches

Quase um Soneto



São coisas que a vida impõe
que não podemos determinar;
sentimentos tão profundos
que haja força pra aguentar,

pois somente sirvo às horas
que posso compartilhar,
e algures os momentos
que necessito da amizade

sou solitário esses tempos
isso digo é bem verdade;
sou largado ao momento

e o que resta é a eternidade
rechaçando a mente e a alma
e depois é a solidão.


Jonas R. Sanches
Imagem: Eduardo Nery

domingo, 15 de dezembro de 2013

Sendas Sensatas



Eu já não tenho medo de partir
vou caminhar de face frente ao mar
vou sem saber pra onde ir
vou sem saber se vou amar.

Eu já não sei se é hoje ou nunca mais
vou caminhar num largo de estrelas
e vou sem medo e sem bandeira
no alforje um caderno e a poesia.

Não vou brigar com o sol por sua luz
mas vou brilhar fulgente com o luar
meus passos serão firmes e sem dor
e quando não andar eu vou voar.

Deixarei pelo caminho uma semente
e elas florirão quando passardes
trarão a ti um ar de contentismo
então só restará a ti amar-me.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sábado, 14 de dezembro de 2013

Romanceiro



Vislumbro a alcateia dos meus sentimentos
devoradores de ânimos e de expectativas,
são lobos ferozes que guiam o amanhã
e o hoje é apenas a vivência adquirida manifestada.

Vislumbro essa colmeia de pensamentos
organizados, insanos, caóticos e inalterados,
são abelhas amantes de todos os pólens
e o zumbido na minha cabeça é aterrador.

Vislumbro esse bando de irrealidades
que povoam os céus lúcidos da fantasia,
são meus pássaros libertos de todos os grilhões
e a melodia que ressoa é inerte sinfonia.

Vislumbro essa plêiade de criatividade
que enchem páginas com almas e amores,
são poetas insanos, insensatez de trovadores
e a poesia não pode parar, e o sonho não pode morrer.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Cães Interiores



Alimento os cães interiores
uns gostam de amor
outros gostam de dores
ainda há aqueles que gostam de poesia
que raiam junto ao sol
que iluminam o dia;
e na mente permanece
o foco de luz que me guia,
e no olhar não arrefece
a minha gana de alegria
então deixo essa mensagem
que expressa meu bom dia.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Mimo de Vênus



Daquele beijo vermelho
da flor no beija-flor
eu vi a Deusa,
Deusa do Amor...
Deusa da Flor,
da Flor que é um mimo;
Mimo de Vênus.


Jonas R. Sanches

Sorriso Verdadeiro



Não quero piedade
muito menos falsidade,
quero um sorriso verdadeiro
e uma verdadeira amizade
que sinta junto a sensação
que voe alto em liberdade
pois não sirvo pra prisão
gosto é de eternidade.


Jonas R. Sanches
Imagem: Monalisa

Dizendo



Ontem falei das rosas,
a um tempo atrás falei do jasmim
amanhã falarei do crisântemo
mas, hoje falarei de mim.

Falarei quem sabe dessa solidão
que é parceira cotidiana,
falarei quem sabe do amor
que à distância infringi-me dor.

Falarei quem sabe dos sonhos
que são combustível do meu dia a dia,
falarei de toda essa tristeza
ou talvez falarei da minha alegria.

Ontem falei do beijo
anteontem falei do abraço
hoje falarei da poesia
que é ofício, o vício que faço.

Falarei da trova e do soneto
ou quem sabe de algum terceto,
citarei um cordel encantado
ou algum haikai bem elaborado.

Falarei algo parnasiano
ou quem sabe até camoniano,
falarei da aldravia solitária
ou apenas calarei meus versos.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Daqueles Detalhes que Observei



Daquele beijo que eu não dei
ficou um gosto de imaginação,
ficou uma certa palpitação
como sensação no coração.

Daquele abraço que eu esperei
ficou sabor de decepção,
ficou desejo sem paixão
redemoinhando no coração.

Daquele olhar que eu vislumbrei
ficou distância e observação,
ficou encravado n’alma uma ilusão
de que seria recíproca a ação.

Daquela flor que eu não colhi
ficou um gesto de comiseração,
ficou à mercê das borboletas
em um jardim na contramão.

Daquele pássaro que eu libertei
ficou um canto de recordação,
ficou gravado no eu profundo
como um gesto de sublimação.

Daquela poesia que eu escrevi
ficou um verso sob metáfora,
ficou a sede diante a ânfora
mas não bebi, apenas contemplei.

Daquela tarde que eu anoiteci
ficaram cores no horizonte,
ficou a estrela com ar distante
a esperar uma compreensão.

Daquela noite que eu adormeci
ficou um sonho na consciência,
ficou sequela na inconsciência
e minha vontade ressuscitou.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Às Rosas



Meus versos as rosas
cheias de espinhos
e tão solitárias, nuas;
pétalas esquálidas

em um jardim algoz
e o pensamento atroz,
beijo de beija-flor
e a rosa tem seu amor

de caule extasiado
que floresce ao seu lado
com cores matutinas;
e as rosas são meninas

que ferem quem as toca
de uma beleza rara
mas seus espinhos falam
para manter distância

pois inda é sua infância
mas, tão logo desfolhada
já não será notada
e caminhará a esmo

sozinha a madrugada.
Somente um verso as rosas
que hoje estão garbosas
esperando a luz da poesia.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Quando Chega a Noite à Poesia



Chegou a noite e faltou inspiração
queria falar palavras do fundo do coração;
não queria falar das dores nem dos mitos
só queria encontrar o verso qual fosse um grito.

Chegou a noite e o beijo é entardecido
mas, nos versos queria relembrar o esquecido;
não queria falar de flores de diversas cores
só queria dizer aquilo que toca a alma.

Chegou a noite repleta de solidão
onde o verso que procuro é escasso;
não queria falar das perdas nem de embaraços
só queria elevar meus sonhos ao espaço.

Chegou o verso e compôs a poesia
que não citou a noite, nem a morte, nem a vida;
citou apenas as trovas cantadas as madrugadas
às donzelas tão proibidas a sós nas sacadas.

Chegou o verso mas num instante partiu
deixando fragmentos de corações apaixonados
deixando nas linhas verbos tortuosos
que conjugam a esmo todas as sensações.

Chegou a noite... Chegaram cometas e estrelas,
na minha luneta miro a flor da eternidade
que brota solitária no ventre da supernova
que germina a poesia desse agora.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Descanso Inócuo



Vagarosamente a mente descansa
e há lembranças sórdidas do espaço
que vão além do ritmo, descompasso
dos sentimentos noturnos solitários

e há algo em que acredito
que não encontro em ninguém
que não faço desdém, mas busco
muito e muito além do crepúsculo

e o que encontro são cores
das mais bizarras às multicores,
e o que sinto é vazio
é âmago de solidão, sem você;

sem ninguém, sem chão e sem céu.
Coitada da alma que existo
e é por isso que tenho essa dó;
dó menor ou maior tanto faz

essa dor corrói e desfaz
essa vida tangente e latente
que eu queria entender por demais
mas, que segue sem compreensão.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Quimera Portentosa



És tu minha quimera aos pesadelos
de perder-me em ti ó escaravelho,
de perder-me entre facínoras escandinavos
pelas noites obsidiadas por demônios.

És tu ó estrela perniciosa das volúpias
que deflagra minhas intuições matinais,
escorpião de veneno apetecível, beija-me;
eleva-me ao Nirvana flamejante do sol.

Ó portentosa flor dos meus pecados
que dilacera minha ínfimas degradações
livrai-me de toda essa aspereza inócua
que enleva-me aos satíricos das ilusões.

És tu ó verdejante dos campos e capinzais
que escamoteia meus ávidos sentidos;
abraça-me e afoga-me em tua seiva;
desembainhe teu punhal e mate-me.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Às Vezes é o Sublime



Às vezes que são de flores os versos
entre outras que são de estrelas
mas, nunca há o final, estígie derradeira
burilada no inferno pessoal.

Às vezes que são pássaros versificados
entre nuvens e verbos alados
mas, o voo não é predestinado
mas, o destino é um vate violento.

Quantas e quantas vezes o sol é a poesia
carcomendo as lavras alucinantes
de um plantador de palavras inóspitas
e a semeadura é sempre em frente, sem final.

Quantas e quantas vezes são versos-feitiços
conclamados em sabás encantados;
invocando os fantasmas de todos os pecados
e resignando-se na estrela vespertina.

E há as vezes que o verso é verbo concatenado,
conjugando o momento e o devaneio
entremeio a essa lucidez insana, mas real
que vislumbra a eterna luta entre o bem e o mal.

E há as vezes que é somente a sublimação
e há temperança nos beijos cálidos de amor;
diante do espelho várias faces se confundem
mas àquela que é do poeta se sobressai.



Jonas R. Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Sanguinem Alchemical



Um acorde que acorda a alma
em arpejo que liberta a mente
ressoando em raro solfejo
despertando profundo desejo
de partir para lugar nenhum
de caminhar pelo vazio do tempo
voando livre na noite ao relento
e dos tormentos um riso profundo
e algum pranto ouvido ao submundo.

Um acorde que acorda os mortos
em som rugindo a trombeta do anjo
entre harpejados do apocalipse
cavalgando o fim em cavalos de fogo
renovando assim pelas mãos da morte
definhando além do que era forte
e o que era novo já envelhecido
renasce entre ósculos e gemidos
de um doirado sol em sua transmutação.


Jonas R. Sanches

Velejando nos Mares da Poesia



Hoje na poesia quero velejar
colher estrelas nas ondas do mar
beijar a boca prateada do luar
sem destino onde tenha que aportar.

Hoje na poesia um voo rasante
colhendo flores em jardins distantes
acolhendo em minhas asas um beija-flor
semeando partituras com as notas do amor.

Hoje na poesia um grito sem melancolia
ecoando livre até os confins da alegria
germinando palavras novas em dicionários
abraçando a noite em luz de refratário.

Hoje na poesia quero velejar
carregar meu amor aos caminhos do mar
e a tardinha roubar um beijo seu
antes que anoiteça e ela roube um beijo meu.

Hoje é a poesia, o amanhã é o mistério,
hoje é uma nova vida, amanhã é o cemitério;
hoje pleiteio a solidão, amanhã doo meu coração
entrelinhas, entre letras da minha imaginação.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Olhares Orvalhados



Dos olhares os orvalhos são as lágrimas
que escorrem pelo rosto amanhecido
e você já não está junto comigo
foi morar entre àqueles que tem asas.

Dos olhares tão profundos a nostalgia
refletida nos espelhos de minh’alma
que é da cor da luz que invade o dia
que é do dia aquela bruma que acalma.

Dos olhares nos pensamentos a poesia
surge serena como um emblema da vida
e versa livre contendo o amargo da despedida
e junta letras, junta palavras e alegrias.

Dos orvalhos alguns olhares tão marejados
despedaçados junto aos jardins do infinito
onde plantei flores do espaço e alguns mitos
para romper todas barreiras da fantasia.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google