sábado, 30 de novembro de 2013

Um Sol Pra Cada Um



E no céu um sol pra cada um
derretendo devaneios,
secando meu jardim
ressecando meu pensamento

que pede alguma lucidez
que escapa a sua estupidez;
fugidio em plena embriagues
de letras, de gretas absurdas

por onde vejo luzes diurnas,
por onde vejo flores noturnas,
mas ainda a um véu no olhar
e o cometa não morreu

e ainda é um sol pra cada um
ressecando a carcaça na estrada
alimentando vermes e abutres;
e no final da tarde infernal
é o frescor da chuva torrencial.


Jonas R. Sanches
Imagem: Naiana - Vista do Pico Paraná/PR

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Borboletas Suicidas



Do pensamento um alento suicida
devaneios rubros, borboletas
em asas de sangue e lágrimas;
mais um delírio concatenado

e na fresta do espelho meus miolos
refletem flores diuturnas
e se misturam as brumas,
misturam-se os vocábulos;

signos secretos da minha morte
que não foi, que será talvez,
um dia na eternidade quem sabe
voando livre com as borboletas;

coágulos de estrelas e sangue
e mais uma vez a noite acabou
e mais uma vez eu sobrevivi;
na aurora agora borboletas suicidas.


Jonas R. Sanches
Imagem: Voar na Poesia

Vozes Inóspitas da Criação



Vozes ocultas balbuciam profecias
meus ouvidos estão cansados,
minhas mãos calejadas de canetas
e ainda assim meu pensamento vaga.

Ecos reverberam pelo infinito inóspito,
sons de pensamentos exacerbados,
cada vontade é modificação
e há um caos que gera vida e perfeição.

Nos becos da alma ainda há flagelos
e o caminhar é um tanto quanto vazio,
meus pés pisam espinhos e brasas
e ainda assim continuo pelas veredas.

Confins que contemplo sem compreender;
nebulosa, supernovas, suprassumo,
e do onisciente uma partícula de mundo;
da pena embebida em éter uma nova criação.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Amigos Fiéis



Eu e meus cachorros
sentados na calçada
vislumbres e latidos
desbravando a madrugada;

eu uivo e eles uivam
pela noite enluarada,
eu e meus amigos fiéis,
eu rosno no latido

a poesia vem comigo
e também o meu cão;
e chamo:
- Vem cá Sansão!

E a Bolinha com ciúmes
no cantinho late;
e o Sansão rebate:
Hoje é a noite do cão...

E eu acolho com carinho
a Bolinha e o Sansão.
E uivo junto dos cães...

Eu lato uma poesia
que no latido se desvia
e entorpece e adormece;
na paz da guarda dos cães.


Jonas R. Sanches

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Noite Subjacente



E há a noite doente de estrelas
catapora cósmica de luzes
coçando o firmamento e arrebaldes
coçando a mente compulsiva.

E há a noite tão silenciosa
surdo-mudo o universo trágico
e é preciso vidência para contemplar
tudo aquilo que o poeta descreve.

E há a noite e uma coruja pia
curiangos esvoaçam a torre da catedral
e há a meia noite dividida;
repartida entre o bem e o mal.

E há a noite e plúmbeo é o firmamento,
no candelabro firmo a vela aos Orixás;
a guia no pescoço é abençoada
e os Guias que me protegem são Ciganos.

E há a noite e também os versos
insalubres às mentes subjacentes
e dos meus pecados são livros de julgamentos
mas, as flores do meu canteiro sou eu que cuido.


Jonas R. Sanches
Imagem: Alfred Hitchcock

Devaneios do Final da Primavera



Morcegos não são ratos envelhecidos
e a Cuca não vem me pegar
meus folclores são dádivas extrovertidas
e na minha rua passam carros antigos.

Analgésicos fortes são das flores da papoula
e São Jorge matou o dragão da lua
minhas rezas são feitiços inebriantes
e no meu quintal cultivo sonhos úmidos.

Amores que se assassinam são ciúmes
e no rodamoinho um ou dois Sacis
meu cachimbo acendo aos Pretos Velhos
e na varanda do universo temporal de estrelas.

Olhares se assimilam em um quarto escuro
e nas missas de domingo eu estou dormindo
minhas preces são com pressa de verdades
e na estação do trem um homem espera a noite.

Cogumelos germinam imagens psicodélicas
e nos fuzis histórias de guerras e holocaustos
minhas poesias são antes do almoço e do jantar
como diz no receituário do psiquiatra insano.

E na árvore de natal uma pomba fez seu ninho
pobre menino que não ganhou presente
mas disse a vizinhança que vai ser presidente
só falta ir ao dentista para consertar seus dentes.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Soneto Almiscarado



Daquele seu olor almiscarado
lembranças doces do passado
na mente assim vivificadas
chegando como as enxurradas;

e no peito reina então a nostalgia
saudade intensa daquele dia
que caminhávamos junto ao mar
mirando os veleiros a aportar.

Daquele olor um olhar distante
e um brilho que mira o horizonte
distante com cores pitorescas

de profundidades dantescas;
então eis que é a ti minha poesia
que nasce augusta no raiar do dia.


Jonas R. Sanches
Imagem: Adão Cruz

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Sistema Inútil



Sistema nefasto
político indigesto
congresso infesto
de corrupção

assassinando a nação
homens sem noção
sem honra
e a desonra é comum;

roubo, morte e regresso
vergonha e insucesso
todo verde e amarelo
e na terra o flagelo

do homem pacato
matando junto ao regato
sua sede, sua fome;
sistema pesadelo

político brasileiro
uma ova
é desgraça
essa raça nojenta

que somente aproveita
de uma licitação
e no banco estrangeiro
colocam toda riqueza

que sai da alma da nação;
e o prato vazio é comum
e a fome é quase social
e a falta de amor é real

e o bolso tão sempre vazio
pois o dinheiro tornou-se irreal
e o suor já não tem valor
e a pátria é só desamor

e o asco por essa bandeira
de estrela fútil, derradeira,
onde não há mais progresso;
desalmada terra brasileira.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Batalhas



Nas batalhas da vida o eu extremo
frente ao vento e a vizires sem sentir medo
que nos degola que nos isola dentro de si;
da vitória que comemora o existir.

Nas batalhas a poesia em epopeias
versificando todas espadas tão sanguinárias
contando histórias de heróis inexistentes
contando as vidas ceifadas pelo combate.

Nas batalhas interiores a descoberta
de eus anônimos, inconscientes e conscientes;
de uma postura de ser vivente ou indigente
e o animal que é fera no âmago da gente.

Vivi batalhas, morri batalhas e a poesia
é o que fica como registro de tudo isso
gravando amores e risos, gravando horrores;
deixando marcas de sangue nas pétalas das flores.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Horizontes Trêmulos



Há um novo pensamento
e a poesia escorre pela caneta
grafando esse momento
por onde vislumbro a inspiração.

Há um novo verso em construção
e das palavras brotam dicionários;
vocabulários em desconstrução
empilhados na prateleira de um armário.

Há um novo olhar, no espelho;
e os reflexos vigiam os passos
e já não há medo ou embaraço
somente uma clareza a cintilar.

Há um novo sentimento
e dele uma nova rima surge
apressada, e o tempo urge
e o tempo é de uma eternidade.

Há uma nova possibilidade
e novos horizontes sobrepostos
o sol sobreposto as cores tardias
encerrando em pictórico poema.

Há o poeta e há sonhos e devaneios
descritos cada qual a sua maneira
transcritos em imagéticas absurdas;
e a interpretação é extremamente pessoal.


Jonas R. Sanches
Imagem: Africa by Anioleczek

domingo, 24 de novembro de 2013

De um Despertar Noturno



O sono despertou a minha insônia
então passeio entre os vocábulos
e ainda há sonhos no meu travesseiro
cheios de incógnitas, cheios de falas.

Junto à noite vamos até a madrugada
então a estrela cadente incendiou-se
e ainda há algum mistério interior
cheio de palavras mágicas, sacras.

Vejo o futuro em minha xícara de café,
vejo seus olhos tão distantes em pensamentos
e é longínquo o devaneio matutino
cheio de fantasmas, monstros cotidianos.

Agora aguardo um novo sono que arrebata
e leva o corpo livre em desdobramento;
então viajo, então vou leve como o vento;
junto a Seres que indicam-me o caminho.


Jonas R. Sanches
Imagem: NASA

sábado, 23 de novembro de 2013

Das Areias do Deserto



Nos véus acetinados dos mistérios
há os olhos de Isis, velando o sacro;
e há Anúbis pesando os fardos
de corações, de vidas inexoráveis;
e lá vai Thot com seu livro e sua pena
ou a pena de Maat escrevendo a verdade,
fazendo justiça aos carmas do espírito.

Nos véus acetinados dos mistérios
Hórus chora lágrimas de vinho
e há Osíris ressuscitado, sacramentado;
e há os campos férteis de Bastet e um sol
de Rá que faz germinar a vida
que segue ao ritmo das notas de Hator;
e o Iniciado desperta nos labirintos da Pirâmide.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Alma Calada



Ouço as gotas do lado de fora
é a chuva pra lavar a alma
é a alma em recolhimento
é o luto e são as asperezas

e a chuva ainda canta louvores;
pensamentos inanimados
tão calados que o vento chora,
seus cabelos voam no espelho

e das estrelas que brilham escondidas
no céu plúmbeo noturno
as enxurradas de São Pedro;
entre as últimas flores da coroa

de espinhos, de reis, do faraó,
entre as matizes de uma oração
aos mortos, aos vivos, aos santos
que vigiam no obscuro de uma poesia.


Jonas R. Sanches

Verso em Saudade



Mesmo em tristeza sento e busco inspiração
bem lá no fundo, no âmago do coração;
e nas lembranças o poder da recordação
é o que ameniza e o que traz a consolação.

Verso em saudade, verso em verdade;
e a poesia nasce junto ao dia que é vazio,
verso em cadernos tão antigos
feitos a um amigo que já não está comigo.

Hoje até os pássaros cantam a melancolia;
minhas flores viçosas se recolhem ao jardim,
a chuva são lágrimas que escorrem pelas nuvens
e a vida que segue vem fazer jus a mim.

Verso em saudade àqueles olhos verdinhos
que me cuidavam como um pássaro ao ninho ;
verso a amizade que partiu, que se foi,
ficou solidão encrustada de dor e amor.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

E a Vida Continua



A vida segue mas me falta inspiração
tento juntar os cacos do meu coração
que pela morte então fragmentou-se,
pelas agruras que o destino trouxe.

A vida segue mas agora há um vazio
dentro do peito que ficou em nostalgia,
mas a tristeza quem sabe passe um dia
e eu encontre novamente a alegria.

A vida segue corredeiras em seu curso
e dessas águas nuvens de tempestade;
mas tudo passa isso é certo, é bem verdade
e novos sóis augustos amanhecerão.

A vida segue e a poesia continua
faça pranto, faça riso ou faça lua;
pois nela eu busco meu conforto e aconchego;
pois junto dela eu me liberto dos medos.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Adeus Meu Pai



Por muito tempo sei que vai ficar saudade
mas nos encontraremos pela eternidade
que Deus te guarde entre anjos de candura
viva a experiência da transição que é sua.

Pai vá em paz que estarei aqui orando
por seu espírito que acabou se libertando
do sofrimento que Tu aguentou calado
vai e ser torne mais um entre os Alados.

Na poesia vou deixando o meu adeus
e agradeço por tudo que Tu me fez;
o que deixaste foi lição de força e luta,
siga o caminho que eleva e que transmuta.

Pai de você sei que nunca esquecerei
só me perdoe pelas mágoas que causei;
seu nome eu levarei pelo resto dos meus anos,
Pai deixo aqui a verdade de que te Amo.

Jonas R. Sanches
LUTO – Roberto Sanches

22/08/1947 + 20/11/2013

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Soneto a Meia Luz



Eu só queria claudicar com palavras
a meia luz em algum bar, madrugada;
surgiu então meu poetar, minhas lavras,
compartilhei com meu irmão camarada.

Eu só queria conhecer Torres Vedras
a meia luz beirando o mar, aljofrada;
a poesia calcular com Pitágoras
a meia luz beirando o mar em Almada.

Eu só queria ter você em um abraço
fazer amor e estreitar nosso laço;
mas o que tenho é um fulgor de saudade

a caminhar tão só pela cidade
a meia noite com som de um curiango
ao meio dia com o sol e um calango.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Filosoficamente Soneto



Consumido em verso de silêncio
tão calado em sua vil contemplação
restringido as dores do coração
relendo aforismos de Confúcio.

Renascendo atroz em berço esplêndido
tão calado em sua vil observância
limitado a lentidão da ascendência
relendo anotações de um arrábido.

Relíquias austeras ou filosofais
anotações dos livros de Lamennais;
tentando Anaxágoras ou Sócrates

refazendo as juras de Hipócrates;
relembrando a sina de todos eles,
chegando a poética de Aristóteles.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Vastidões Sentimentais



Tão vasto e tão casto
esse amor nefasto
pela vida ambígua
pelo belo do traço.

Tão vivo e tão raro
em busca de amparo
pelo abraço mórbido
pelos seus pecados.

Tão gélido e tão fácil
a busca dos mundanos prazeres
mas minha busca é o outro plano
mas minha asas são alvoroçadas.

Tão pouco e tão belo
esse amor que quero
esse amor que espero
por eras a se torturar;

mas enfim, o que é amar?
Não sei dizer o quê com certeza,
não sei sentir o quê em meu peito,
não sei viver essa natureza.

Tão ralo e tão caro
esse momento que calo
deixando apenas a poesia
dar luz e nova cor ao meu dia.

Tão vasto e tão casto
os versos sem rédeas, sem limites;
sejam alegres ou sejam tristes
mas sejam de todo um coração.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Minha Chegada



Chegarei antes da manhã
e trarei estrelas matutinas
com brilhos de purpurina
trazidas dos ventos siderais.

Chegarei e trarei os pássaros
em festejos entre alabastros
e seus cantos em penugem exótica
trazidos das cítaras de outra estação.

Chegarei até antes dos sonhos
e acordarei aos berros o mundo
para derramar cascatas floridas
ou apenas navegar pelas vertigens.

Chegarei como a luz que surrupia
toda a penumbra e traz a alvura
de um olhar de alma de candura
trazido das pupilas de um sol diário.

Chegarei mas estarei só de passagem
sem destino certo ou bagagem
que me prendam a qualquer lugar;
somente uma pena embebida em sangue

carregará meus devaneios febris
enquanto eu tomo chá com as donzelas
contando histórias de florestas sombrias
onde eu deixei perdido meu coração.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Pseudo



Vejo a dança das rochas
se desfazendo em deserto novo;
futuras ampulhetas maduras
em árvores sem folha alguma
e o vento varre vassouras,
pseudo-cataclísmicos enviesados
e ainda há uma cartola
sem coelhos e sem truques
somente uma cabeça pensante.

Vejo as pedras rolarem na cratera
do dente de um mendigo antigo
e já não há obturações;
as bocas mastigam palavras duras
em jantares sem sentido,
pseudo-apocalípticos transversais
e ainda há uma vitrola
sem nenhuma novidade
apenas um vinil do Pink Floyd.


Jonas R. Sanches
Imagem: Sergio Mora

Ostentação



Ostento estrelas
o meu brasão é o firmamento
lá tem planetas e cometas
e minha alma em fragmento.

Ostento a vida
a minha morte é desalento
a minha força vem dessa lida
sua alegria é meu contento.

Ostento as flores
o meu jardim é fingimento
a poesia feita de cores
todas as pétalas ao vento.

Ostento a morte
a minha vida é o infinito
o meu verbo é a minha sorte
e o meu verso é como um grito.

Ostento as letras
o meu brasão é como um livro
minha caneta é tão discreta
pois nessa senda eu voo livre.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Pão Amanhecido



Amanheceu, mas na cabeça o jugo do espaço
entre as estrelas já tão invisíveis, plausíveis;
entre os jardins que se demoram muito
para brotar a essência desse vime, que colho.

Amanheceu, mas na janela o sol não percebeu
entre as cortinas dos meus pensamentos, profundos;
entre o silêncio que se demorou muito
para reinar no corpo-mente-espírito do Eu.

Amanheceu, mas no olhar a noite é eterna
entre outras almas em si mergulhada, calada;
entre o vestígio que se demora muito
para deixar seu rastro ininterrupto.

Amanheceu, mas o canto é pelos pássaros
entre as folhagens da jabuticabeira, madeira;
entre outros galhos que se demoram muito
para comporem as novas sinfonias, vazias.

Amanheceu, mas o verso agora é a poesia
entre as viagens dos meus devaneios, distantes;
entre outras rimas que se demoram muito
para satisfazerem por entre as estrofes cortantes.

Amanheceu... E a ventania carregou o meu chapéu.
Amanheceu... E é o velho pão nosso de cada dia.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

domingo, 17 de novembro de 2013

Desconcertos Cotidianos



Seres prolixos vivendo o amor funesto
e o verdadeiro foi deixado pra depois,
seres carnívoros devorando o insucesso
e o que era digno já morreu ou inda não foi.

Sementes jovens a brotar a decadência
em terra infértil germinando incoerências,
semente anêmica a brotar insanidade
em terra morta germinando a inverdade.

Dores do parto e a criança vai ao lixo
mães descartáveis sem viver seu compromisso,
dores do câncer a corroer a humanidade
tumores languidos a devorar a sanidade.

Seres complexos vivendo guerras naturais
em seus convexos pensamentos animais,
seres ditosos vivendo como irracionais
em seus conventos aonde não existe a paz.

Meus pesadelos carcomidos de desejos
em uma noite tão eterna quanto a vida,
minha poesia então narrando o desconcerto
de uma terra já tão doente e desnutrida.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sábado, 16 de novembro de 2013

Silêncio dos Pensamentos



Quando não há mais pensamento,
quando o que reina é o silêncio,
o interior se manifesta
em uma dança espiralada
que energiza todos os chacras
e faz dançar a evolução
no corpo, mente e coração;
o ser em plena meditação
se encontrando com a luz da criação.

Quando não há mais pensamento,
quando a alma está em silêncio,
então enxerga-se a luz
a energia que nos conduz
e nos desperta a Kundalini
e o universo então é a vitrine
refletida no nosso interior;
o ser então se torna amor
e compreende que o si é tudo ao redor.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Frutos da Árvore da Poesia



Fruto atroz da agonia
foi essa nova poesia,
foi parida entre gemidos
só para ter comigo
uma nova alegria.

Fruto doce do entendimento
foram letras de contento,
foram nascidas da minha pena
feitos lúgubres emblemas
para enfeitar manhã serena.

Fruto amargo dessa dor
foram meus versos de amor,
foram surgindo com langor
pra resolver esse problema
da paixão por açucena.

Fruto azedo da ganância
essa estrofe sem bonança,
degolando a abastança
dos meus tempos de criança
onde havia comilança.

Fruto maduro do desejo
versificado num beijo,
tocando seus lábios vermelhos
tocando sua alma que é pura
com um gesto de ternura.

Fruto inebrio do poema
germinado em meu sistema,
concatenado tão obstante
bem longe do que era antes
e agora com novo tema.


Jonas R. Sanches
Imagem: Árvore do Poeta by My Violet

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Só Sei Que Sei é Que Não Sei



Eu já não sei sentir além da dor,
eu já não sei gostar além do amor,
só sei que sei é que não sei;
eu já não sei pintar além da cor.

Eu já não sei rezar além da oração,
eu já não sei amar além da paixão,
só sei que sei é que não sei;
eu já não sei viver além dessa prisão.

Eu já não sei voar além do chão,
eu já não sei falar além dos versos,
só sei que sei é que não sei;
eu já não sou inverso do reverso.

Eu já não sei pedir a sua mão,
eu já não sei gritar pelo meu eco,
só sei que sei é que não sei;
eu já não sei nascer além do feto.

Eu já não sei cantar essa canção,
eu já não sei versificar minha missão,
só sei que sei é que não sei;
eu já não sei andar além da contramão.

Eu já não sei clamar além do feitiço,
eu já não sei se vou e se eu fico,
só sei que sei é que não sei;
eu já não sei conter esse meu grito.

Eu já não sei se sou poeta ou trovador,
eu já não sei se é frio ou se é calor,
só sei que sei é que não sei;
eu já não sei se haverá próxima vez.

Eu já não sei se é mentira ou verdade,
eu já não sei se é ficção ou realidade,
só sei que sei é que não sei;
eu não sei se é tristeza ou felicidade.

Eu já não sei se é paraíso ou purgatório,
eu já não sei se é dor de parto ou de velório,
só sei que sei é que não sei;
eu já não sei se viverei ou morrerei.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Percorrendo os Dias



Quando amanheço em sinfonia e passarinho
o fulgor dos pensamentos causam-me desalinho
e meu olhar pela janela mirando esse horizonte
que vai longe, que vai perto da minha morte.

Quando entardeço em silêncio e sentimento
o fulgor da minha alma causa-me nostalgia
e meu olhar percorre as cores do crepúsculo
que é lindo, que traz vida a minha vida.

Quando anoiteço em poesia pelas cantigas
o fulgor da minha vida causa-me melancolia
e meu olhar busca na estrela uma resposta
que é dúvida, que brilha em luz de entendimento.

Quando amanheço novamente à luz do dia
o fulgor da minha dor causa-me a lucidez
e meu olhar mira ao redor pelos momentos
que é vertigem, que é o algoz do descontento.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Sonhando Com Um Mundo Melhor



Minha utopia é um mundo de paz
sem mais fronteiras dividindo os campos
sem mais batalhas infringindo o pranto
sem tanta fome e tanta miséria.

Minha utopia é que não houvesse guerras
e não houvesse tanta covardia
e todas as dores fossem alegrias
e onde há escravidão que houvesse alforria.

Queria um mundo sem mais desigualdade
onde reinasse a honra e a verdade
e não houvesse mais inimizade
um mundo aonde se propaga o amor.

Minha utopia é que houvesse respeito a natureza
e que houvesse pão em toda e qualquer mesa
não houvessem plebeus e nem a realeza
somente uma humanidade vivendo como irmãos.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Um Pouco Mais Adiante



Enquanto os pés faziam rastros
na garganta reinava a sequidão
a visão era chão de alabastro
mais adiante era de perdição;

então se fez céu iluminado
e nos vinhedos era Dionísio
enchendo cálices dourados
mais adiante os Campos Elísios.

Enquanto os pés faziam rastros
no peito era ofegante coração
a sensação era além do escasso
mais adiante era de tentação;

então a noite se fez trevosa
e nos labirintos era Medusa
petrificando os seus amados
mais adiante os cálculos da hipotenusa.

Enquanto os pés faziam rastros
as mãos faziam dóceis poesias
a descrição era contemplar o vasto
mais adiante versículos de Jeremias;

então os versos fizeram-se livros
e entre as nuvens era Trismegisto
planando com sandálias aladas
mais adiante os jardim de Mefisto.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Soneto das Alucinações



Eram versos avessos delinquentes
que reviravam corações e mentes
que destroçavam de súbito olhares
que naufragavam fragatas nos mares.

Eram versos ríspidos suficientes
que decepavam lapsos inocentes
que inventavam fábulas ímpares
que fantasiavam cantos singulares.

Versos em matizes usurpadoras
De sonhos, desejos... De outras vidas;
versos surrupiando todas sensações,

todos devaneios pelas mandrágoras;
feitiços em rimas e berlindas...
Eram versos das suas alucinações.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Terrífico



Funestos lânguidos inapropriados,
sinistros em ritos a um deus caótico,
catarses humanas, espasmos robóticos;
e o homem escravo da inlucidez.

Das campas retratos das catacumbas,
moribundas sombras dispersas no ar,
horrores diários, vertigens insanas;
e o homem padece sem se analisar.

Olhares carnívoros inanimados,
mortíferos desejos das outras proles,
espadas vadias, canetas incólumes;
e o homem metamorfoseia-se em poeta.

Entranhas terríficas versificadas,
prolixos e intrépidos se misturando,
rimas vazias, análises de memorandos;
e o homem agora mergulha em si mesmo.


Jonas R. Sanches
Imagem: Grzegorz Kminrty

Paradoxo das Observações



O meu vendaval já virou furacão
onde redemoinha o meu coração,
estilhaços pedintes dessa insensatez
nascidos na vertigem dessa embriagues.

O meu chuvisqueiro virou tempestade
que deságua ilícita pela minha idade,
enxurrada profunda dessa lucidez
carregando pra longe a insanidade.

O meu devaneio virou alucinação
que borbulha em cores na minha visão,
dicionário faminto de novas palavras
engolindo dos versos todas minhas lavras.

O meu gigantismo virou pequenez
que inocente insiste em minha estupidez,
poesias docentes, nocivas e resilientes
entalhadas em rimas já tão decadentes.

O meu sofrimento virou redenção
que revela o incesto da  imaginação,
reverbera os gritos dos meus vocábulos
que são filhos dos filhos dessa construção.

O que eu observo virou inspiração
que descreve ingênua minha condição,
de forma metafórica e paradoxal
descerrando as cortinas do bem e do mal.


Jonas R. Sanches
Imagem: Salvador Dali

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Meu Canto aos Orixás



Um céu tão pesado de chumbo
e há nuvens de escamas cinzentas
temporal é o que aparenta
Iansã ruge em voz de trovão
entre raios cortantes no espelho
entre as vozes dos meus Orixás.

Um céu plúmbeo tal qual a tristeza
e há nuvens molhadas no ar
enxurrada igual correnteza
Iemanjá navegando no mar
entre ondas e bafos de vento
entre as bênçãos dos meus Orixás.

Um céu obstante encharcado
e há nuvens debaixo dos pés
meu cavalo tem asas e chifres
Ogum vem assim cavalgar
entre monstros e rijos dragões
entre as espadas dos meus Orixás.

Um céu nato e um chão sertanejo
e há nuvens de poeira a assentar
minha estrada morre em outro plano
e os Ciganos a me acompanhar
entre rosas vermelhas e ouro
entre as riquezas dos meus Orixás.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Vislumbres dos Dias de Silêncio



Dos dias que falo em silêncio
o olhar diz palavras de alto teor,
dos dias que sofro calado
o olhar grita um remédio pra dor.

Dos dias que voo liberto
o olhar corre o mundo a sobrevoar,
dos dias que a vida é profunda
o olhar taciturno vislumbra o mar.

Dos dias nus versificados
o olhar vê os detalhes surgindo ao redor,
dos dias rimados tranquilos
o olhar vê aquilo que tem de melhor.

Vislumbres dos dias de trevas
e da luz nesse escuro a contemplação,
vislumbres dos crimes de guerra
e na ponta da espada a rosa e um coração.

Dos dias que vão inacabados
o olhar é alado e vê céus e infernos,
dos dias sem sol e sem lua
o olhar que perdura é frio como o inverno.

Vislumbre de versos e lumes
e no archote na noite a alma da estrela,
vislumbres de letras doiradas
rasgando os cadernos pelas madrugadas.

Vislumbres do olhar do poeta
que mira nas flores a cor do planeta,
e o beijo final do poema
nas cores serenas de uma açucena.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

domingo, 10 de novembro de 2013

O Gosto de Cada Cor



Eu gosto dos dias mais reais
e gosto das cores com gosto de amor,
vermelho com gosto de dor
e o verde com cheiro de flor.

Eu gosto dos dias espaciais
e gosto das cores com gosto de sorriso,
marrom com gosto de terra
e o preto com cheiro de guerra.

Eu gosto dos dias com luas noturnas
e gosto das cores com cheiro de mar,
azul com gosto das nuvens
e o cinza com cheiro da chuva.

Minha alma não quer mais parar,
minha alma não quer mais voar;
minha alma tem gosto de estrelas,
minha alma tem cheiro de feira.

Eu gosto dos dias e da eternidade
e gosto da areia com cheiro do tempo;
todos os minutos tem gosto de vento
e minha ampulheta tem tempo de sobra.

Minha alma não quer mais dormir,
minha alma não quer mergulhar;
minha alma é de cor transparente,
minha alma só quer poetar.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google