sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Soneto da Sobrevivência



É toda uma batalha pela vida
da alma rigorosa e destemida
que galga seus degraus em sofrimento
vencendo as dores além do lamento.

É todo um processo de aprendizado
do espírito para ser libertado
de todos os grilhões do coração
nas vias dessa infinda evolução.

E os dias passam e ficam as lições
bem mais fincadas que recordações
e assim renasce um lume em cada olhar

que vislumbra entendimentos de amar
livrando assim os passos da amargura
bebendo farto da essência que cura.

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Versos Esvoaçantes



Vou voar firmamentos
e planar um momento
para olhar sentimentos
e guardar emoções.

Vou voar pela vida
e planar pela lida
para ver removida
todas as recordações.

Vou voar infinitos
e planar pelos mitos
para ser erudito
e rever os conceitos.

Vou voar eternidades
e planar pela verdade
para esquecer a idade
e renascer fora do tempo.

Vou voar pelos ventos
e planar como folha
viver outonos ou escolhas
e encantar com poesia.

Vou voar pelos dias
e planar na noite fria
para fundir com mestria
minha alma com o vazio.

E quando eu pousar
somente rastro estrelar
por sobre as ondas do mar
onde repousarei meu olhar.


Jonas R. Sanches
Imagem: Icarus by Vladimir Dzhanibekov

Dos Poetas e dos Contos de Magia



O poeta é ser complexo,
convexo em seus reflexos
que dão vida ao inanimado
que transcrevem o inacabado;

e das flores da Capadócia
ele copia as cores, inventa olores
tão mágicos quanto os feitiços
criados em cada estrofe sua.

O poeta é ser e não ser,
remoendo o tudo e o nada,
dando nomes ao inominável
que ele espia, que ele recria;

e dos céus e rios imaginários
ele rouba a vida, ele voa pássaros,
em asas de grifos e tapetes árabes
vislumbrando em seus sonhos o amanhã.

O poeta é um dialeto, repleto
de sóis e luas, de solidões e alegrias,
magias tão antigas como o tempo
que ele rima, que ele canta, que ele cala;

e no momento de silêncio ele vê a inspiração.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Prantos à Mãe Natureza



Lágrimas e um par de olhos castanhos
que observam os ferimentos mundanos
e na fenda da pedra na montanha, sangue;
sangue do homem, sangue da terra, sangue de mim.

Algum pranto tornou-se catarata pela face
que ressecada pelo tempo, vê o sofrimento
da natureza já não mais intata, já corroída,
carcomida pela fome humana de sempre querer mais.

Lágrimas de uma centena de olhares divinos
que infelizmente já não interferem mais;
e é só a roda kármica a girar, contando o tempo,
contando os pecados e as árvores cortadas no talo.

Lágrimas e um par de olhos castanhos
tão chorosos pelos ferimentos à natureza
mas, ainda há pássaros, fugiram para meu beiral,
fugiram para a cidade, na mata já não há lugar para animal.

Desmatamentos, prantos, ventos, poluição;
toda ganância incontida, ações sem coração, sem reação,
e a nossa mãe, lar magnânimo em formosura,
renascerá, e o maldito homem padecerá em amargura.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Versos Gelados



Do dia frio um sentimento merencório
mas, a poesia aquece, reanima
toda a fragilidade que coexiste
nessa simbiose humana e triste.

Do dia frio um bafo quente enevoado
mas, o beijo do silêncio entrecortado
pela lâmina afiada do destino;
pelo bucolismo que antevê o desatino.

Do dia frio aquelas dores lancinantes
mas, meus ossos rangem com o tempo,
na cidadela que criei imageticamente
somente para morar perto do céu.

Do dia frio uma manhã ensolarada
e os pássaros, são fuligens matutinas
sobrevoando pelos jardins tão ressecados
onde plantei aquele livro resumido.

Do dia frio o meu calor sacode infernos
d’onde roubei as folhas secas do inverno
para riscar livre e profundo esse poema
e relembrar alguém que ler das nostalgias.

Do frio das letras douradas, condecoradas,
um sentimento desconexo enviesado
que solitário faz-se sombrio e iluminado
nesse obscuro contemplar d’algum final.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Soneto Alquímico



Reescrevendo os caminhos da vida
sobrepondo no algoz dos destinos
novos fatos, arautos da lida,
recomeços sem mais desatinos.

Veemente vislumbres anímicos
transmutados a ouros alquímicos
todo o chumbo pesado em pecado
e o espírito agora é um ser alado.

Livres os versos, desprendimento
que outrora estavam adormecidos
e algures temas enternecidos

revogando do tempo o momento
que se foi sem ao menos avisar
deixando no soneto a ânsia de amar.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Prece Lúgubre Poética



Nessa prece que é de poesia
entrego todos os meus pecados
até os segredos já soterrados
de outras vidas desmerecidas.

E o verso é de pura oração
além da angústia do coração
que quer amar, que quer perdão;
mas são delírios de comiseração.

Rimo juntando as mãos calejadas
e os joelhos dobrados nas madrugadas
velando olhares de introspecto,
cuidando as atrocidades do interior

da consciência que pede clemência;
gritos afoitos, ingênua demência,
e já é um tempo além do tempo
que eu relembrava encarnações.

Nessa prece que é de poesia
peço a misericórdia da noite,
da estrela, da morte e da vida
que segue inexata e metamórfica.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Observâncias



Devidas forma da minha loucura
se fazem natas, minhas armaduras
contra o dispêndio de uma sensatez,
contra o compêndio dessa embriaguez.

Delírios parcos dessa formosura
se fazem flores, cores de um jardim
de magnólias, lírios e jasmins,
de ervas daninhas, matos e capins.

Desfaço o traço nessa reta curva
e faço a letra, verso e partitura,
faço a canção disforme de uma vida
que tão cansada dói como ferida.

Que valham ventos, amores e sentimentos
dos mais profundos até tempestades,
da poesia antiga da calamidade
que faz das rimas sua eternidade.

E da cadeira da varanda observâncias
de um par de olhos profundos semicerrados
olhando um horizonte fragmentado
sem sol, sem lua, somente uma inspiração.

Jonas R. Sanches
Imagem: Franz von Stuck - The Wild Hunt - 1889

domingo, 25 de agosto de 2013

As Vezes Lacunas Sentimentais



Um pensamento
e a madrugada tão poética
às vezes, às vezes muitas vezes
rebatendo as ânsias melodramáticas
de um dia comum, da noite abstrata;
insensata como versos salubres
que ferem e dilaceram seres sentimentais
mas, o poeta intacto chora a solidão
remoída entre as lacunas dessa loucura
adormecida e amanhecida sem igual;
e nos aconchegos insuficientes
a morte se encontra com um sorriso imortal.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Soneto em Aquarela



D’algum soneto retratado em tela,
da paisagem vivida em aquarela;
bucolismos livres, mãos de menestréis
surgindo em rastros virgens d’alguns pincéis.

Semblante fresco nascido a tinta a óleo
ou um afresco pintado com petróleo
vertigens natas d’alguma inspiração,
misturando cores, dor e perdição.

D’algum soneto retratando a vida
em vários tons, saudade e despedida;
e o desenho tão quase assim perfeito

faz do artista sujeito rarefeito
que grava a vida em alegria e amargura;
resgatando d’alma a essência mais pura.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Esquinas Profanas



Esquinas profanas, encruzilhadas,
com sementes de alguma planta alucinógena
e barulhos sinistros vindos da mata
tão virgem com seus filhos elementais.

Esquinas profanas, encruzilhadas e botequins
repletos de kamikazes da segunda guerra
bebendo saquê em copos plásticos
mas, seus aviões já não tem conexões.

Esquinas profanas, mucamas e encantamentos
chicoteados aos gritos pelo sacerdote
e ao longe luzes pálidas de holofotes,
e ao longe uma fogueira cercada de dançarinas.

Esquinas profanas, camas, lençóis e gemidos
nas janelas de motéis baratos que não posso pagar
mas, na sarjeta um naco de pão velho;
salvador do meu almoço, pedaço do meu jantar.

Esquinas profanas, encruzilhadas,
pactos de um guitarrista jazzístico alucinado
e também mais um diabo, velho e corcunda,
e um alforje com lamparinas e almas penadas.

Esquinas profanas, versos sussurrados e poesias,
místicas, holísticas ou valvuladas,
e no relógio que marca a hora da morte
ponteiros indicam que a vida apenas começou.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Versos Insurgentes



Surgiu imensa a lua enluarada
pintando o céu e o sentimento
prenúncio a noite estrelada
presságio ouvido em voz de vento.

Surgiu imenso o verso alado
pintando o céu de poesias
prenunciando algum encanto d’um olhar
que vaga tão distante quanto um brado incontido.

Surgiu tão bela a inspiração compulsiva
e a cada letra um caractere de vida
que pulsa exata em cada beijo apaixonado
por corações já sem razões, fragmentados.

Surgiu e foi-se sem deixar rastros elaborados,
somente um cravo destituído de suas pétalas;
surgiu e foi-se como o cometa despercebido
e fez guarida nas páginas insensatas d’algum poeta.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

De Algumas Belezas do Rio de Janeiro



Uma figueira bela a beira mar
tão salpicada de canários terra
e o Pão de Açúcar lá para enfeitar
essa manhã aqui na Guanabara.

E o caminhar é doce poesia
de uma menina, olhar de estrangeira
com sua vontade de ser brasileira
para suas curvas serem sem igual.

Lembranças que serão eternizadas
do dia azul no Aterro do Flamengo
parece ontem, q’eu inda me lembro;
terra tão linda esse Rio de Janeiro.

E pelas ruas de Santa Teresa
eu caminhei junto da natureza
mirando longe toda essa beleza
de uma cidade tão maravilhosa

que inspira versos,
que inspira prosas,
que leva o poeta ao contentamento
olhando o Cristo de cabelo ao vento.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sábado, 17 de agosto de 2013

Soneto Metamórfico



Descobrindo-se em mergulho profundo,
envolto em uma luz que ultrapassa
cegando por essa via que transpassa;
transmutando todo o inerte em fecundo.

Caminhando os paralelos do mundo,
despido de cascas e carapaça
de rosto em liberdade sem trapaça;
vislumbre em sentimento furibundo.

Enclausurado em vil metamorfose
sigo tecendo algures meu casulo;
no olhar do mundo, lágrima, coágulo,

se desfazendo em toda plenitude
frente a escasso pensamento amiúde
como animal em sua antropomorfose.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Cruzeiro Seixas - Um mundo metamórfico e crepuscular

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Procurando-Me



Procuro uma cura eficaz a essa tristeza
que carrega o pranto feito correnteza
e nas palavras encontro meios de gentileza
que atraem um sorriso sincero e real.

Procuro um antídoto contra todo veneno
que embriaga a alma que vai se desfazendo
de todos os princípios que são ditos terrenos
e se renova pela luz da transmutação.

Procuro aquele olhar que a tempos esqueci
que faz-me recordar de quando amanheci
entro os sóis dos seus abraços d’onde me perdi
e reencontrei-me só no dito nunca mais.

Procuro aquela força que move a vontade
de viver a poesia em grão mestria e intensidade
mas vejo no reflexo dos versos amarguras
e vejo nos recônditos do espírito a desventura.

Procuro pela vida entre mortes e renascimentos
encontro a sua voz em meio ao conhecimento
mas sutil ela passa como uma brisa de vento
e deixa-me inerte diante de toda imensidão.

Legados já perdidos entre buscas e procuras
deixados entrelinhas nas quadras que perduram
por tempos incontáveis além da eternidade
por gestos que procuram pela augusta verdade.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Micro Cosmo in Achamoth

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Um Retrato da Vida Transpassando a Morte



Um retrato do dia pintado sem cores
em uma tarde concisa vazia de amores
renascida em meio a trevas e horrores
registrada em tela d’algum pensamento.

Um retrato da vida em uma fotografia
de um olhar incolor que vislumbra o eterno
se esvair pelo tempo sem tempo de nada
nem ao menos da estrela azul na madrugada.

Um retrato da noite escura da alma
que se busca no espelho querendo saber
os mistérios vagantes no interior do ser
que sobrepujam os sonhos e o intelecto.

Uma tela pintada em letras e poesia
inspirada na essência que em si reluzia
em um brilho que cega e transpassa esse verso
e refaz-se do íntimo algoz do universo.

Um retrato da morte na última estrofe
renascida em vida livre inebriante
rarefeita de carne, de ossos e sangue;
para vagar pelos confins da liberdade.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O Auto dos Prantos do Poeta



Resenha de uma vida
e um anjo que partiu
em redemoinho de fogo
deixando solidão
e, eu já não sei orar
e, eu já não quis morrer
mas, morri;
e o sorriso petrificou-se
nas linhas de uma poesia
tão escassa de sensações
que houve um rio de prantos
mas, a barca seguiu seu curso;
foi a barca de Caronte
nas portas do purgatório
carregando o onzeneiro,
carregando um poeta,
carregando um asceta,
nos batéis de Gil Vicente
que em Cristo era crente
mas morreu dentre seus autos.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Centro de Ufologia Brasileiro

Soneto Solitário da Torre do Campanário



Entre a vida que passa, transeuntes,
nesse vai e vem quase ininterrupto
de passos cansados exorbitantes,
de ato impensável, olhar abrupto.

Entre a vida que cessa, moribundos,
nesse vai e vem de almas insensatas
caminhantes entre as frestas dos mundos,
navegantes de mares em fragatas.

Entre um verso e outro uma breve lacuna
entrecortando a mente numa escuna,
desbravando águas fundas revoltosas

marejando vias de estrelas leitosas
em um céu carente, frio e imaginário
feito um soneto escrito em campanário.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Alonso FR

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Soneto de um Silêncio Profundo



Ouço o silêncio profundo na alma
olhando diante de mim o vazio;
universo de um verso que acalma
frente a vida enfrentando longo estio.

Ouço um canto macio de acalanto
dedilhado em cordas angelicais;
vejo a morte contendo meu pranto
com seus auspícios sãos e divinais.

Choraria se não houvessem versos,
morreria se não houvesse essa dor
e os pensamentos seriam inversos

como a cova rasa do dissabor;
seguindo caminhos intermitentes
e as escolhas são beijos prudentes.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Soneto de uma Carta de Despedida ao Poeta



Na carta lida um ar de despedida
e no olhar sentimento marejado
pela lembrança ida de uma vida
pelo sonho agora despedaçado.

Na carta lida um gesto derradeiro
que marcou a ferro e fogo minh’alma
e deixou no coração um candeeiro
com sua chama eterna que me acalma.

Somente agora um rastro de tristeza
trilhado a sós a dor  com pés descalços;
feridas obtidas pelos percalços

que se apresentam irreais ao poeta
que revira  a rima da natureza,
buscando alguma coisa inconcreta.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Quando a Esperança Partiu



Foste como um sonho aquele olhar
mas, da voz longínqua nada restou
e meu coração ficou vazio de saudade
dos tempos onde corríamos entre as estrelas.

Agora é somente uma imagem desfeita
dentro da mente, dentro dos espelhos,
dentro do reflexo diáfano d’uma poesia
escrita em caderno de folhas da minha infância.

Queria poder reencontrar a esperança
e com gesto de nova temperança
fazer renascer em mim um novo sol
que ilumine e aqueça essa alma fria e obscura.

Eu me apeguei a sua promessa
mas, você esqueceu-se de voltar
agora nas minhas entranhas estranhas sensações
como se fosse a morte por tristeza.

Foste como um sonho aquele olhar
mas, tornou-se pesadelo súbito
e as noites já não são convidativas
pois meu leito de espinhos já não pode se calar.

Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Voar na Poesia



Com asas diamantinas
e penas de purpurina
eu sobrevoo sonhos
eu voo pelo céu da poesia;

seja noite ou seja dia
minhas asas incansáveis
buscam as estrelas
e um olhar encantador.

Minhas asas flamejam
e minhas letras fosforescem
meus versos de sóis e luas
meus devaneios a voar na poesia.

Seja pássaro interior
ou seja à luz de cometas
que eu desfaço os laços
tão terrenos e me lanço ao ar;

e pelas brumas das nuvens
versos infinitos a se espalharem
e meu olhar longínquo plana
como os sentimentos dos silfos.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sábado, 10 de agosto de 2013

Dos Mistérios Profundos do Existir uma Nova Opinião



Minha paixão é o mistério;
e são tantos mistérios que arraigam
os meus pensamentos além do pensar
e d’alma o ser contido na epífise
e do corpo um manifesto divino
e da poesia brota um universo sensacional.

Minha paixão é o próprio mistério;
e são tantos os mistérios contidos na lida
que o caminhar se torna tenso, se torna denso
como uma sensação tateada pelo olhar,
pelo mesmo olhar que mora no espelho
onde revejo nascerem minhas inspirações.

Minha paixão é uma vereda sem retorno;
e dos mistérios presentes um presente real
que se insinua obtuso e paradoxal
e faz crescer... Faz crescer a vida e a vontade,
faz crescer os sonhos nascidos de um ventre irreal
onde a alma do mundo observa todos os atos.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: A Esfinge

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Tão Perto do Fim



E já tão perto a noite
trazendo a lua, estrelas e a solidão
que vigia a porta do coração
com olhos vítreos de fogos-fátuos.

E já tão perto a insensatez
trazendo o verso, a rima e o compasso
que dita a música do espaço
com a batuta da insanidade.

E já tão perto o fim da vida
trazendo a paz, a luz e a eternidade
que é além das horas, pra lá da idade
com sua bengala de pernas bambas.

E já tão perto essa lonjura
caminhada a sós sem ter parada
pelas vias sórdidas das madrugadas
com lápis, papel e poesia.

E inda é longe o raiar do dia
pois dorme o sol sono profundo
e o meu amor fugiu do mundo
para em outros tempos fenecer.

E inda é longe a foz do sonho
que vivo algures idem à outrora
e o pensamento então devora
e o que me resta é poetar.

E já tão perto o fim dos versos
que descomplicam os meus complexos
que são vertigens e paradoxos
enveredados no meu fantasiar.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Soneto Plúmbeo



No céu cinzento do meu coração
há nuvens plúmbeas dos meus pensamentos
que são lamentos, pura indecisão;
até parece um temporal de ventos.

No céu infinito dessa indagação
corrompi estrelas pelo meu contento
quase um lamento em proliferação,
quase a morte sem meu consentimento.

Mas somente um pranto seco escorrido,
sabor salgado desgastando o leito
que já escuro é noite, é despercebido,

quase engolido além do meu trejeito
que é como um gesto dessa partitura,
que é como o verso que já não perdura.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Soneto em Versos Controversos



Poesia inspirada em ápices de dor,
de pulmões rasgados de fuligem,
contrações cardíacas de desamor,
espasmos sãos causando vertigem.

Poesia inspirada na ausência do amor,
solidão e impropérios, raiz da origem,
campos da verdade em nova aragem
mas, os frutos são a voz do dissabor.

Somente versos ambíguos dispersos
nas páginas da vida fragmentada
pelas indecências da madrugada

e a próxima parada o pesadelo
sonhado e gritado com medo e zelo;
e ao soneto alguns versos controversos.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Vozes e Versos Silentes de uma Manhã de Agosto



Ouço o mundo e vozes na minha mente
que ziguezagueiam entre as estrelas
que bebi naquele banquete sideral
e nas esquinas os esquifes estão vazios.

Ouço uma gaita assoviar um blues antigo
que viravolteia lembranças e boemias
por onde meus olhos buscavam sonhos
e nas sarjetas partituras de Led Zeppelin.

Ouço vozes gritantes na beira do abismo
e elas cantam canções há tempos esquecidas
por onde sustenidos e bemóis entrelaçados
dançam festins como eu e você.

Reboliços de sons ecoam nas paredes cerebrais
e meus neurônios são curtos circuitos bifásicos
em harmonias celestiais compostas antigamente
no ventre d’onde nasceu a última pitonisa.

São alguns rabiscos copiando a música de mim
que retumbam pelas curvas das vias temporais
mas, o tempo que eu me lembro já é passado
mas, o vento que eu comando é sopro gelado;

então encosto minhas costelas magras na poltrona
e desligo a televisão, desligo o sol e o som,
para poder olvidar todas as angústias silentes
que insistem em deturpar meus versos avessos.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Magritte - La meditation

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Soneto da Última Via



Sigo poeta, passos desajustados,
triste o caminho, pedras pontiagudas;
imaginações cruas, sonhos alados,
e todas as poesias são perpetradas.

sigo poeta, de ilusões imbricadas,
rimo o caminho, trechos obstinados;
indagações puras, falas premidas,
e todos os versos são renovados.

Sigo asceta, concatenações fatais
deliberando imagéticas nuas surreais
transcritas e prescritas no caderno

da fábula acometida no inverno;
mas ainda existem estórias incompletas
e a última via do soneto é discreta.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Do Poeta aos Poetas



Dos poetas as letras doces
ou as vezes tão amargas que adoecem
corações que esqueceram o amor
ou somente o verso que relembra.

Dos poetas olhares singulares
ou as vezes um contemplar diáfano
mirando além de todas as realidades
ou somente o verso amargurado.

Dos poetas histórias sensacionais
ou as vezes estórias tristes
nascidas das nostalgias reais
ou somente um verso translúcido da noite.

Dos poetas lembranças da morte
ou as vezes a vida esquecida
em alguma lacuna de tempo-espaço
ou somente a areia da ampulheta.

Dos poetas a poesia mais singela
ou as vezes o extraordinário em prosas
em algum caderno velho e escondido
ou somente uma trova grafada na areia.

Dos poetas o sangue da inspiração
regando os jardins do Cósmico
e semeando flores e sensações exóticas
antes de se associar aos que já se foram.

Do poeta uma vertigem aos poetas
que caminham o mesmo caminho por amor.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sábado, 3 de agosto de 2013

Lágrima Partida



Do homem a lágrima partida
e como o fogo uma dilaceração
mas, flores nascem e partem
sem dizer adeus, sem dizer olá.

O sangue da terra na pedra
da montanha com olhar a observar
toda ganância pútrida a ilustrar
sem dizer amém, sem dizer amar.

Sóis e sons em conjunção
e um eclipse no céu de Saturno
por onde um transeunte taciturno
morreu, sem nem apenas se queixar.

Do homem o sangue e a pedra
e, pelos jardins pálidos; lírios
sem motivos para festejar
mas no céu a estrela ainda brilha.

Do poeta uma coerência discreta
ilustrando e singrando mundos
tão pessoais que a porta se fecha
sem me entender, sem me explicar.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Soneto de um Ranger do Tempo



Rangeu a porta aberta do destino
que assim já foi grafado nas estrelas,
escrito onde o mirar não pode vê-las
traçando as vias longas de um menino.

Rangeu a dobradiça do infinito
tão longe que o soar foi estridente
tal qual alma rangendo os dentes;
e o novo passo foi circunscrito.

E o tempo é um vento metamórfico
ecoando no vazio seu estribilho
em nódoas de um caráter horrífico

que olha a vida ambígua sem titubear;
e o entendimento é o poder de amar
que traz de volta ao verso o seu brilho.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Guilherme de Faria

Despertando em Leitos Metafóricos



Acordo e o sonho é mais que um encanto
e os olhos marejados além de um pranto
brilhante às pupilas e um girassol
na beira do horizonte, justo jus ao arrebol.

Acordo e as lembranças são mais que feitiços
e os cantos sustenidos são de notas eloquentes
que sopradas em flautas de vento transparentes
contém todos os tons do verso opaco cristalino.

Acordo e a poesia é o que ronda meus anseios
em rimas e emblemas, quase metáforas
bebidas infinitas, nascidas as ânforas
que carrego no lombo em meu cavalo.

Galopo céus e infernos à luz do archote
então do leste a peste vem estridente
garbosa com seu beijo delinquente
ceifar ingratidões de rubras rosas.

Acordo e o sonho ao certo inda continua;
sonhado às pressas em serestas de analogias
comparativas de alguns amores, surtos platônicos
na poesia que raia o dia em sol atômico.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Soneto ao Canto Triste lá na Gaiola



D’um sopro fresco o olor da natureza
regando a flor na leve dor, suspiro
e um arfar tão doce qu’eu respiro
relembrando o ensejo de uma tristeza.

Tão longe o olhar desse meu pensamento
que vaga a estrada batida da vida
deixando marcas sulcadas na lida
e um rastro espesso desse movimento.

São noites, são dias, dentro dos espelhos;
mergulhos profundos no lago de mim
reflexos convexos de olhos vermelhos

e um canto mestiço de um mandarim
atravancado e surrado à sua gaiola
pois sua liberdade o homem degola.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Da Noite um Verso do Esquecimento



Da noite o verso que vaza cristalino
frente ao inverso, parlenda de menino
e nos ouvidos histórias e folclores
se redimindo nas barbas de um lobisomem.

Da noite escassa um tom de solidão
presa entre os dentes do mundo ou de um cão
rosnando vítreo o olhar parnasiano
enquanto a vida resguarda os seus anos.

Do sonho um sol fritante em boemia
já conturbado se é noite ou se é dia
pois, sem estrelas no olhar triste e confuso
é derradeira a voz em tom escuso.

Do sonho a lua frisando o prateado
e nos escombros do corpo um ser alado
rangendo os dentes fulgentes do pecado,
anjo caído preso na encruzilhada.

Da noite o verso confuso interiorado
pelos espelhos da fronte tão confusa
que em poesia descrita e tão difusa
naquela verve que esperando então morria.

Da noite a estrela cadente e solitária
esperando aquelas quadras ordinárias
que a mão poeta reescreve com destreza
surtindo um sopro no ventre da natureza.



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google