quinta-feira, 27 de junho de 2013

Enlevos Obtusos de um Verso

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Me entrego singelo ao mundo profundo
além da ficção, e enlevo obtuso esse verso
que é quase o incerto oculto à luz da coesão;
então me desfaço, e às estrelas em observação.

Me entrego de corpo e de alma e de letras
além do pensamento, e enlevo obtuso esse verso
que é quase reverso e disperso e é proliferação
da lágrima surda escorrida de um vão no coração.

Me entrego ao caminho e sozinho busco solução
além da sensação, e enlevo obtuso esse verso
que é em forma o regresso à humildade;
então peço arrego a mão da sociedade.

Me entrego por inteiro ao certeiro amor
além do dissabor, e enlevo obtuso esse verso
que é paixão ao olhar azulado do mar;
então é a bruma confusa que me faz divagar.

Me entrego aos anseios tremendos de um beijo
além dos desejos, e enlevo obtuso esse verso
que é quase o gosto do mel nos seus lábios;
então me retiro ao asilo esquecido dos sábios.

Me entrego aos mistérios herméticos e místicos
além da mente do vulgo, e enlevo obtuso esse verso
que é translúcido ante o fogo mortífero do sol;
então o final é poético e desfaz-se à luz do arrebol.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Salvador Dali

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