sexta-feira, 31 de maio de 2013

Alusão aos Princípios



E é só mais um princípio
e a alusão é às estrelas
que são de estirpe cadentes
enquanto homens decadentes

veem nas guerras sua paz
e são a ganancia e a morte;
e nos batéis couraçados,
e no olhar de uma mãe é pranto.

É só o princípio dos princípios
e das colisões a organização
das partituras do universo
dispostas como fossem versos

mas, oblíquos os resultados
e as dores são paradoxais
e a alma é forjada em fogo do sol
e é lançada aqui para esfriar.

É só mais um princípio do final
que é quando tocarão trombetas
e do seio da terra Babilônias
antes que o fogo caia do céu

e purifique como o sal dos santos
e, não haverá mártires nem inocentes
somente pranto e ranger de dentes
antes que o amor seja novamente.



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: As Chaves Apocalípticas

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Do Pranto Sangrento e Augusto de um Arcanjo



Na lágrima augusta em sangue do Arcanjo
diante o negrume na esfera do mundo
eis que surge a luz nas cordas harpejando
e da música a esperança reluz ao submundo;

que é umbral tão real que engole as almas
em um fogo e nas sombras das recordações
de uma dança frenética banhada em pecados
que priva de paz o espírito em auto ablações.

Na lágrima augusta em sangue do Arcanjo
que em formas humanas propôs salvação
a essa raça de homens desgraça em refúgios
e subterfúgios que esquecem a absolvição;

e a carne que é auto flagelo derrete no inferno
da mente constante e obstante a criar confusão
entre a fonte de tudo que anima a matéria
e a consciência que adormeceu dentro do coração.

São as lágrimas sangrentas de um sonho utopia
que nos versos da morte e da vida formam poesia
que nascida do ventre profundo do inconsciente
tenta em letras deixar o passado e viver o presente;

que é o constante trilhar e sofrer o caminho
entre o espinho na rosa e o punhal sacrifício
que liberta do escuro os grilhões precipícios
e renasce em relance um olhar de soslaio do início.



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

De Uma Saudade do Esquecimento



Do fundo d’alma brota
um sentir nostálgico
de um fato desconhecido
que ao âmago é alarido
e, algoz
é o olhar
e é como pássaro
de asas feridas
querendo relembrar
de voar
de cantar
de trinar
mas;
é saudoso o esquecido
tempo não vivido,
somente infindo
como o incessante nascer e morrer
de centelhas destinadas a evoluir.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Razoável Experienciação



Razoável talvez ou não;
apenas um empecilho tapando a luz
que insiste e resiste e existe
a irradiar as matrizes da criação.

E da união da escuridão
plasmando-se as sombrias vozes
os interlocutores uivam em catarses
pelas noites e pelas luas enfeitiçadas.

Razoável até e coerente
o trilhar e o ser entrelaçados
pelos caminhos e pelos sonhos
que alimentam o tempo do amanhã.

E da união das almas gêmeas
a fecundação da semente da vida
bebida no graal do cosmos
e diluída pelo éter e pelo sangue.

Razoável a ideia e a vivência
experienciadas às dualidades nuas
entrecortadas pelas evoluções contínuas
como a prosa interminável do universo.



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Alex Grey

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Todas as Chuvas Precipitam Vida



Todos os pensamentos encharcados
pelas enxurradas que carregam outonos
e carregam folhas secas e mortas
e enfeitam sarjetas esquecidas no tempo.

Todos os pensamentos intumescidos
pelas águas precipitadas dos vapores
que deságuam pétalas fosforescentes
pelos jardins molhados do meu olhar.

Observo pássaros entremeio gotículas
e há também insetos apavorantes apavorados
se ocultando dos apetites canoros alvorecidos
e esvoaçantes os devaneios da alma do mundo.

Observo nuvens tão plúmbeas e pesadas
que em trovoadas pendem luzes ao firmamento
e com seu cetro relampejado vem Iansã
derretendo os sete céus sob nossas cabeças.

Agora um silêncio entre o nadir e o zênite
e os espíritos elementais comemoram a vida
que se renova em cada broto suscetível
às benesses que a chuva trouxe aos vegetais.



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 28 de maio de 2013

Um Breve Devaneio



Escrevo porque me apetece
e porque há insensatez
e não se importe às banalidades
pois, já não existem escrúpulos;

escrevo pois há o final do dia
e também há o fim da linha
da pipa, do trem, da vida,
e as abelhas colhem pólen nos jardins.

Escrevo porque caem folhas das árvores
e também voam pássaros coloridos
que compõem canções exóticas
durante as tardes bucólicas outonais

que remetem às poesias esquecidas
escritas ainda por penas e mãos cálidas
mas, não eram mãos iguais as minhas;
as minhas escrevem por necessidade.

Escrevo porque o sol aquece a tez
e porque a lua ama platonicamente
e chora todas as noites lágrimas de prata
e nas lagoas sapos coaxam solitários

e as estrelas assistem e volitam
por entre as letras esvoaçadas
que deixo escapar as vezes por distração
enquanto tento intitular alguns poemas.



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Sem Amor Morreriam Todos os Versos



Nos versos desprovidos de amor
apenas vazios malsãos inapropriados
e chega e ser caótico o olhar
que algures foi a foz do invulgar.

Apelo as letras apenas um sentimento
que não corroa o que inda resta de mim
e que possa preencher as lacunas
entre essas irrealidades tão reais.

Seria tão triste mas haveria sensações
entre o pranto e a busca incessante
por algum motivo que valha a pena,
por uma estrofe repleta de sonhos.

Seria tão triste como todos os paradoxos
que não carregam nenhuma significação
somente a poesia irracional e inefável
por onde decolam todas as analogias aladas.

Nos versos desprovidos de amor
uma natureza morta em preto e branco
que não possui nas vertentes acalanto
por onde possa o ancião tecer lembranças.

Apelo a morte que não ceife minhas letras
durante o ócio que impregna esse querer;
apelo a vida que não mate a fantasia
para o amanhã em tom fantástico renascer.



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Operário das Letras



Era eu um operário, que construía com as letras e meu martelo era a caneta por onde calejava minhas mãos, mas o que eu era não importava, o que valiam eram as palavras que enchiam o bolso do patrão.
Agora eu novo operário, que aprendeu valorizar e o conhecimento amar, bati o martelo na injustiça e com minhas letras concisas minhas palavras espalhei.
E assim foi justo o resultado, o meu suor condecorado pelo valor a ele dado deixou de ser só ganha pão, agora eu já não mais subalterno trabalho as letras com esmero que flui do meu coração, que fala alto à liberdade dos operários da nação.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 27 de maio de 2013

No Crepitar da Alma



Na chama da vela uma crepitação
que envolve o momento ascensão
resumida na prece em voz oração
de uma busca sincera por iluminação.

Na chama da vela o olhar em nuances
de cores e anseios feitos decretos
dos raios dos Mestres Ascensionados
que regem os passos da senda contínua.

Na chama da vela o fulgor coração
de uma outra chama trina de amor
que no templo do homem é modificação
que nos dias sugere essa transmutação.

Na chama da estrela uma veste de anjo
e na veste de carne uma alma de paz
conduzida entre prantos e felicidades
dos momentos sentidos em pulso vivaz.

Na chama da vela uma estrela pairando,
volitando entre o espírito e a recordação
de um hoje, de um ontem, de um amanhã;
enquanto o fardo é carregado com dedicação.



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Do Amanhecer ao Anoitecer os Feitiços da Lua Cheia



Do amanhecer um gosto luminoso
do alvorecer que chega lustroso
de sol a pino e vento glamoroso
trazendo olores mágicos de uma parlenda,

e o que já foi lenda agora renasce
na pétala rubra da dália furtiva
entre as outras belezas comparativas
de um jardim de pigmentação sem igual.

Do amanhecer a renovação do agora
que é presente obstante e não se demora
a passar e tatuar no âmago do tempo
o algoz de uma vida sem mais sentimentos,

e sem mais medos, apenas sonhos
tão libertos que movem histórias
pelas vias tortuosas de uma vida poética
onde a contemplação é um tanto quanto eclética.

Do amanhecer um vestígio de estrela
que brilhou e raiou de antemão no crepúsculo
num passado recente onde jaz decadente
todas as cores engolidas pela noite,

que sem parcimônia devora nuances
e entre vultos esquivos um olhar de vislumbre
que de novo se encanta diante a face da lua
que a cada noite desponta como a primeira vez.



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

domingo, 26 de maio de 2013

Epifânico



De um vislumbre epifânico
a luz reveladora adstringiu
todo o cosmos em um segundo
que fora do tempo ressurgiu

como um sopro vilipendiado
entre os escárnios celestiais
lançados a carne que é frágil
e se desconstrói em alguns pecados.

De uma epifânica contemplação
carros voadores em rodas de fogo
e Ezequiel viu leões e deuses antigos
ou eram apenas naves espaciais

dos filhos dos filhos de Enki
que retornavam para a Suméria
com todo o saber que hoje é oculto
com toda a verdade além da verdade.

De todas as epifanias bebi graais
e nos olhos soberanos revi as lendas
de Atlântidas e de homens colossais
que se harmonizavam com animais

e havia uma certa paz e era real
então, foi no poder que nasceu o mal
e a humanidade ruiu e houve pranto
que encheram oceanos em dilúvios

mas, na barca dos sábios... Refúgio;
e a sabedoria manteve-se viva
e nasceram as Escolas dos Mistérios
que perduram ainda sob os véus de Isis.

E o que é necessário ainda há
e o que foi ruína jaz nas areias
mas, ainda existe o desejo de poder
mas, ainda existe o mal no homem...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: A Visão de Ezequiel

Versos Órfãos



Um verso órfão em uma linha;
linha da vida de um poeta
que encontra em letras o seu regresso
aos mundos pálidos de um universo.

Um verso órfão buscando abrigo;
abrigo ao peito de uma donzela
que mora em sonhos e pensamentos
que são eflúvios soltos aos ventos.

Versificado pelas estrelas
ele flutua junto as esferas
e as nostalgias são melodias
que acalantam os acordes da sua espera.

E ainda o poeta ressurge das cinzas
como uma fênix em brasas e poesias
rasgando os céus da eternidade
elevando sua voz em simplicidade

que ele divide em seu jardim
que ele conserva pelos tempos vindouros
que são a luz de suas esperanças
de uma vivência de benevolência.

É o verso órfão entre as cores bastardas
e as rimas são impropérios vadios
que desgastam e fortificam o amor
que é a essência pura de Deus na terra.



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: MarcoTurini

sábado, 25 de maio de 2013

Amor Vampiro



De um pranto seco salgado a face
de um totem no pesadelo esquecido
revi você nua entre as quimeras
e te recolhi ao ventre do meu abrigo

e você sorriu e bebeu do meu sangue;
oh vampira, beba também de minh’alma
e mate sua sede de eternidade
e no beijo sinta o gosto da minha idade.

De um canto seco e agudo do vento
que se fez audível pelos ecos e oceanos
te recolhi na última nota dissonante
e você fez guarida em minhas pupilas

e adormeceu tranquila até o alvorecer
e bebeu da minha seiva luminosa no despertar;
oh vampira, beba também meu espírito
e sacie essa vontade de viver liberta.

De um leito seco um rio escasso
que trilhou sendas até morrer
então ressuscitei-te e acolhi-te
entre meus braços que não tem fim

e você floriu as flores mais secretas
e nos caules bebeu do cálice de mim;
oh vampira, alimente-se da minha essência
e transmute-se no festim dos elementais.

No pranto seco salgado a face
o gosto da recordação do seu olhar
e na brisa que soprava do leste
alguns vestígios da sua olência;

então eu me perdi na nostalgia
e você partiu e levou minh’alma;
oh vampira, você roubou meu espírito
e meu último sonho te deu asas

e você voou para bem longe das estrelas
mas, ainda aguardo seu retorno
pois, guardei no meu peito junto ao meu
o seu miserável e dócil coração.



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Amor Vampiro de Munch

Desejos e Desvarios



De um desejo o sangue fluiu
aos pensamentos o suprassumo
e a alavanca então ruiu
os alicerces desse mundo.

De um desejo a vida escassa
eu nau em terra de oceanos
e carregou a foz de estrelas
o infinito dos meus anos.

Queria eu somente o brilho
de uma explosão de supernova
guardada assim em lamparina
junto aos espinhos de uma rosa.

Queria eu somente a alma
a ser vendida em holocausto
enquanto a carne apodrecida
de decompõe sob o basalto.

De um desejo o ensejo ambíguo
ao seus abraços sufocantes
que estala os ossos já sofridos
e o beijo rouba o que era antes.

De um desejo vozes e medos
de um amanhã triste e distante
onde padece o olhar no enredo
que lê a história à cartomante.

E o querer já não é só meu
é seu, é dele, é do universo
que dentre o caos se realiza
que entrelinhas envolve o verso.

E o querer é entrelaçar
minh’alma e corpo junto ao seu
e deslizar a tez macia
onde o espírito se perdeu.

E o querer transpõe barreiras;
transpõe as eras já vindouras
fundindo à alcova a brincadeira
brindando a noite assim sem roupas.

De um desejo o algoz veneno
de uma entrega que treslouca
todos sentidos e a libido
entre os lençóis da nossa pompa.



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Abraço



Em um abraço distante que amanhece
junto a distância da saudade que judia
então no peito alguma luz se irradia
e ameniza essa crise de nostalgia.

Em um abraço todo regaço da amizade
que de tão longe deixou olor em vivacidade
marcado à mente que displicente te viu partir
e agora aguarda o teu retorno para sorrir.

Agora o abraço desembaraço de um momento
quando percebo tua presença na voz do vento
e pelas nuvens a cor vivaz em teu pigmento
trazendo às flores no meu jardim novo contento.

Agora o abraço onde me entrego e me desfaço
deixando a alma sorrir eterna entre seus braços
que carinhosos acolhem-me e acariciam
todas as tristezas que vivo sem estar contigo.

Então em ápice de alegria eu abraço o mundo
num simples gesto de amor real e incondicional
que bem plantado e semeado em solo fecundo
é o antídoto que eu preciso pra espantar o mal.



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Olhar na Vidraça




Pela vidraça o olhar da flor saudade
um tanto nostálgica em uma recordação
correndo algures pela apreciação
de um sentimento de sinceridade.

E do outro lado um jardim seco ranzinza
sem mais delongas somente a água rara
que lava a alma de uma rosa em despedida
e que reflete na vidraça um breve adeus.

Sonhos partidos que destemidos ganham o mundo
levando a fome e o desejo de oscular
a tez tão pálida e já tão morta do seu perfume
que nas minhas quimeras fazem-me divagar.

Tão breve foi o tempo daquele abraço carinhoso
agora é um vendaval de um olhar triste ou jocoso
de uma partida, da despedida, da morte certa
daquele gosto que agora a boca é tão incerta.

O olhar pasmo e os passos longos pela vidraça
no coração um breve ardor pela partida
no leste o sol raia distante e até fulgurante
e na alma a luz se põe e esconde o pranto.

Sonhos partidos que foram idos sem sensações
deixando entalhes com mil detalhes, recordações
e da vontade que foi pungente agora escura
pelas vielas da solidão em dor tão crua.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Trincheiras Queridas




São como os ases de uma foda ilícita
entre os espinhos de uma terra esquálida
entrecortada por foices implícitas
na derrocada de uma paz fantástica.

São como espadas em limo enferrujadas
na carne flácida de uma guerra pobre
que enterra homens sujos sob homens
que não oravam pelo algoz de Ares.

E nas trincheiras sangue e murmúrios
suor na face dessa tez queimada
que pelas vidas nuas são cortadas
pelas navalhas de uma solidão.

São como estrelas mortas e explosivas
brunindo espaço na foz do esquecido
canto vibrante em vozes escondidas
pelas mortalhas vivazes do ente sombrio.

São como as trovas de um tempo vadio
cantadas tristes em lume e lascívia
de um violeiro de esqueleto magro
que escapa à lua em noites fugidias.

E nas trincheiras amores pitorescos
já tão decapitados pela mão carrasca
que engoliu vidas em gargalos esmos
e o que restou foi minha carapaça.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Sangue Pisado




No sangue seco e pisado
na sola desse sapato velho
e uma espera quer sobreviver
e a vida morta exposta a reviver

o passado irado, errado, errático
desse desassossego sem medo
pilhado ou empilhado aos corpos
entre as flores de um olhar alado.

No sangue seco ficou grudado meu DNA
e na sarjeta os micróbios corriqueiros
fugitivos de um banheiro, imundo
onde dormem homens e sonhos

de um passado que passou depressa
e o que ficou foi minha dor de cabeça
inchada, rechaçada, ressacada de vinho
e as flores foram enfeitar tumbas e ataúdes.

No sangue seco a sede escassa, imbebível
os copos dessa cachaça, tão curtida insana
em bocas emboloradas, apedrejadas,
por pecados catalépticos esquecidos no inferno

ou apenas um delírio abocanhando o mundo
já doente, improdutivo, e o veneno é nocivo
enquanto ingerido devagar, esperando amar
ou apenas matar as flores dessa gélida agonia.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Quando o Dia Invade a Noite




É quando a noite invade
como tempestade rija
o coração do mundo
e, há trovoadas estremecedoras.

E do lado de lá da fronteira
do real que confunde a mente,
psicodelias adjacentes
e alguma coisa desconhecida.

E as cartas seladas não foram
e, a notícia então não chegou
era o dia da nuvem sombria
d’onde a chuva se interpelou.

É quando o dia invade
como a luz que cega e rasga
todo véu esconderijo
do arcano então velado.

E então é apenas um vasto silêncio
e a voz saciada é um único olhar
anteposto ao contragosto
e, o que foi visto arrebatou.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Transmutado à Madrugada




Eu já não sou o mesmo
e na madrugada a esmo
o corpo se contorce
da dor que é tão real

e atravessa a noite
e rasga a mente o pânico
do dia amanhecendo
e a luz nos olhos vítreos

corrói minhas pupilas
que frágeis e purpurinas
refletem a lamparina
que crepita ao coração.

Eu já não sou eu mesmo
e no universo a esmo
a mente se contorce
nessa transmutação

de versos alquimistas
colhidos nos orvalhos
repletos do mercúrio
que cessa nos murmúrios

da foz dos pensamentos
e num vazio momento
a alma se apruma
e se esvai em meditação.

Eu já não sou eu mesmo
e na poesia a esmo
as letras se contorcem
no anseio e solidão

da estrela em lume opaco
e a voz do peito parco
sussurra entendimentos
num breve firmamento

de azul raiz profundo
que engole o meu mundo
que é pura fantasia
que é o verso em maestria.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 21 de maio de 2013

Decrépito




Ele aguardava solitário o próximo minuto, contava tic-tacs entre uivos na madrugada tão gélida que parecia o cadáver da noite, pela vidraça embaçada olhava os faróis do firmamento ou eram simplesmente algumas estrelas desfocadas pela bruma e a penumbra.
Ele aguardava solitário a próxima metamorfose, contava minutos entre suspiros cansados no frágil espelho que já trincado dividia sua fronte em mil pedaços, e eram todos os fragmentos dos pensamentos espalhados pelos reflexos de um olhar diáfano, que via espíritos algumas vezes ou eram apenas algumas alucinações causadas por essa insônia doentia.
Ele aguardava solitário o trem da morte, contava os dias que se esvaiam sem ao menos deixar alguma boa recordação, das noites vividas apenas sussurros mal dormidos entre um pesadelo de quimeras e um jardim ressecado pelo frio da alma.
E de tanto aguardar o tempo passou e na fração última de segundo um olhar para trás e uma visão carente de sentimentos que se desintegrava junto a vida mal vivida, na janela que rangia como as juntas de ossos gastos a última contemplação e então ela chegou e ceifou todos os sonhos que já estavam mumificados dentro de um coração petrificado que as três horas da manhã bateu pela derradeira vez.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Recordações de um Beijo Inexistente




Naquele beijo inexistente
a vertente do meu desejo
sob a luz do seu enlevo
que alumia meu coração

e no ensejo da sedução
minha proposta foi recusada
entre suas coxas à madrugada
onde recolho-me absorto.

No beijo o amor existente
e na carícia que é sem malícia
eu me entrego ao desassossego
eu me desfaço daqueles medos

de ser ferimento a sua alma
pois, é a entrega em totalidade
do meu ser transparecido
aconchegado ao olhar amigo.

Aquele beijo inexistente
tremulou são e veemente
todas as fibras morfossintáticas
que adjetivam o meu querer

que é de contigo adormecer
e novamente o desprendimento
dos nossos espíritos já libertados
como dois seres nus e transfigurados.

Naquele beijo inexistente
eu guardei minhas lembranças
e meu corpo padeceu de frio
mergulhado em gélida solidão.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: The Dreaming

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Devaneio do Amor e Luar




Da flor devaneio da lua
de prata em pétala viva
e a noite em si reaviva
no peito o calor da paixão

e, o olhar agora sublime
se encanta e palpita em lume
que atiça em luz bruxuleante
a rosa perfeita do amor

que em olores da tez saciada
em alma um no outro deságua
em cores nuas e entrelaçadas
compondo seus ritos altaneiros

na alcova do tempo entremeio
aos laços criados outrora
que uniram duas almas gêmeas
felizes nos tempos de agora.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Silhueta do Espaço




Do rubro olhar eloquente
em um mundo cinzento insurgente
uma fresta augusta surgiu
clareando o próximo passo

que calmo tal qual manso regato
que contorna em destreza obstáculos
impostos nessa senda oblíqua
de um ser complexo alterado

pelos elos com o mundo incriado
pela mente descrente ambígua
de um louco poeta inspirado
pelo ócio dos dias transpassados

por espadas de sonhos longínquos
em castelos de areia soterrados
pelas prisões de vidro e ampulhetas
onde o tempo é um silhueta

de um segundo eterno no espaço
libertado das mortes e vidas
relativas aos novos pecados
que cometi em meus versos inadequados.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Wikimedia Commons/ Friendlystar – CC BY 3.0

De Uma Vida Passageira




De uma vida que passa diante
dos olhos famintos de amor
querendo deixar seu sabor
no mundo fecundo obstante

mas, isso não é o bastante
e o certo é o querer viver
sorrindo e plantando estrelas
para no firmamento florescer.

De uma vida vivida distante
dos olhos famintos de paz
que olham-se e nada mais
guardados em suas pupilas

mas, isso não é o bastante
e voltam a ser aquilo que antes
da vida na carne exposta
privar-nos de várias respostas.

De uma vida que passa serena
um caule de uma flor amena
plantada nos jardins siderais
regadas com lágrimas angelicais

mas, é um pranto de riso e fartura
que espalha nas letras brandura
augusta como a alma da terra
desfeita e liberta da guerra.

De uma vida que passa e transpassa
o âmago desse trovador
que compõe inspirado na dor
que aflige toda humanidade

mas, no peito eu digo em verdade
que escassos são os sentimentos
somente um sopro redolente
deixado pelo seres espirituais.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Grafias Arcangelicais




Pelas encostas todas as respostas
grafadas a ouro pelos Arcanjos
dizendo a aura pelos meus rogos
cantando os salmos a agradecer.

Pelos rochedos eu espalharei todos os medos
e eles voarão os sete corpos da encruzilhada
agora livre invocarei Elohins as madrugadas
e eles me recordarão de vidas que já vivi.

E a roda cósmica interminável do gira-mundo
que rege a esfera dos equilíbrios e da justiça
junto as Potestades na alma fazendo faxina,
e as auras leves agora juntas à liberdade;

e é bem verdade que o que eu digo é todo um credo
contra o inimigo que mora farto nas orações
que lhe ofereço em nobre flor de misericórdia
e nas mãos dos Anjos foram levadas todas discórdias.

Pelas encostas dos montes fortes e colossais
grafados a sangue símbolos mágicos Arcangelicais
e é o meu Santo Anjo Guardião que guarda a vida breve
repelindo o mal que vai em luz se desintegrando.

E de espada em punho e de olhar sapiente
o Arcanjo Miguel rege as hostes angelicais
que varrem longe toda a sujeira aqui contida
que fazem muito para direcionar as nossas vidas.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Lucia Moira

domingo, 19 de maio de 2013

Aéreo




Gosto tanto de voar pelos céus do pensamento
e nas ilusões reais construir meu firmamento
com estrelas em luz lilás como um complemento
de uma vida que se faz com a força de um vento.

Gosto tanto de voar pelas vias do universo
e compor irrealidades com verdades em um verso
metafórico e até um tanto quanto surreal
com segredos entrelinhas que afastam-me do mal.

Gosto tanto de voar pelas nuvens do inconsciente
e distante me encontrar com o tempo presente
tão impávido que desfaz todas cores de repente
em um instante e nada mais entre flores diferentes.

Gosto tanto de voar pelos cumes luminosos
das montanhas do amanhã com seres esplendorosos
que carregam sentimentos em alforjes glamorosos
e afagam meu espírito com seus gestos carinhosos.

Gosto tanto de voar por sobre um mar de poesias
que se espalham entre as ondas repletas de alegrias
dispersando em palavras os vestígios de agonias
e o que resta é essa festa iridescente pelos dias.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sábado, 18 de maio de 2013

Momento Sereno




Sereno como a noite eu versifico
e no âmago da dor me modifico
e o que vejo é quase diáfano
entre os espelhos e reflexos de mim.

Gelado como a morte é meu escrito
que flutua entre mundos transcritos
onde aporto o meu corpo e reflito
sobre as estrelas e sobre o coração.

E as flores pitorescas navegam mares
em caravelas solitárias espaciais
então contemplo o tempo do nunca mais
e vejo um universo dentro do olhar

do basilisco e dos feitiços já tão antigos
que eu carrego na algibeira junto comigo
e pelas novas rotas dos pensamentos
uma senda translúcida se apresenta.

Sereno como a noite eu versifico
e do ventre do amanhã nasce o amor
que desintegra a ferida e toda a dor
e o espírito se desprende de todo karma.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Sussurros Vociferados




Minha paz é real, mas quase escassa
entre incongruências nuas plasmáticas
que interferem quando eu assisto
o filme da vida e sou surpreendido
pelas cacetadas constantes das provações.

Meu verbo quase fatídico vocifera
e logo após se cala diante o caos
que se fez presente intensamente
nos dias onde eu adormeci sozinho
entre análises das coisas presentes.

Sou apenas um filho de um filho de um filho
e ainda não sou pai e nem avô e nem anjo
e minhas pestanas lacrimejadas ventam
todos os temporais e minha retina diáfana
já é tão plúmbea que não vejo o amanhã.

Não quero mais pensar e nem chorar estrelas
só quero a cura dessa clausura nesse mundo
que se apresenta e alimenta o meu sussurro
que é olvidado pelos exilados do coração
e, eu não quero mais morrer e nem nascer;

quero a transmutação e o ouro alquímico
que transbordou do cadinho do devaneio
e espalhou no espírito calamidades pueris
e lavou todas as sepulturas que dispersas
guardaram hermeticamente todos os meus eus.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Rompendo os Grilhões Exacerbados da Carne




Vejo a luz de um sonho real
que flameja no escuro do espaço
refazendo certeiro meus passos
nessa senda de transfiguração.

E nos lidos cadernos antigos
refletidos venenos e antídotos
tão bebíveis e até mortíferos
ante a alma que segue fugaz.

É a vida eterna e nada mais
nessa lida contida nos frascos
nesse espírito estreitando laços
com o terreno e com o sublime.

E as coisas vividas exprimem
essa índole de paz adquirida
nas barganhas com seres etéreos
que libertam dos deletérios.

Vejo a luz de um sonho real
refletida no olhar dos espelhos
devaneios de fogo entremeio
as pupilas dos olhos vermelhos.

E no âmago uma sensação
tão intensa de libertação
dos grilhões das recordações
de outro tempo esvaído de mim.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google