domingo, 7 de abril de 2013

Cacos de Fome

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Do chão rachado dos meus calcanhares
há pares de pregos galgados na lava
das erupções constantes do mundo
que regurgitam os ossos gastos dos defuntos.

Das nuvens ácidas dos meus cabelos longos
tranças e danças nas fogueiras dos suplícios
e nas piras incendiárias rodas de cantigas
esperando a chuva que virá apagar as estrelas.

Parece até que é sem sentido toda a dor sentida
mas, é caco de vida, de vidro fosco rasgando o rosto
cansado e suturado sem nenhuma anestesia
e o olhar é fundo como os arredores do meu sertão.

Chão de estrelas, agora apagadas e surradas,
corroídas e carcomidas pelas lidas das mãos cálidas
que sulcaram a terra seca onde só brotou a fome
e das vitrines lá de cima devoradores lobisomens.

Do chão rachado e sangrento dos meus calcanhares
brotaram raízes e matizes de cores arrependidas
que foram irrigadas a sol, suor e lágrimas
das pupilas tão tranquilas que vigiavam os cães famintos.

Parece até ser sem sentido toda a falta de abrigo
àqueles que queriam morar nos vítreos corações
mas já não há espaço e muito menos perdões
somente bocas famintas esperando nacos de alegria.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

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