terça-feira, 30 de abril de 2013

Do Amor a Dor em um Segundo




Do amor a dor em um segundo
pelas palavras duras da despedida
ou apenas por um não querer
desfazendo os planos de viver.

Corações que vem e vão sorrateiros
por entre os caminhos tortuosos
e na chaga a recordação já turva
e os olhares tão nevoentos nas brumas.

Do amor à dor da lida e um ferimento,
e um pranto e um lamento calado
ou tão sussurrado que grita infecto
e ensurdece os vizires e os desafetos.

Corações fragmentados soturnamente
por entre os caminhos que se desviam
do intelecto, do retrospecto, do beijo
que deixou um gosto ranço de tristeza.

Do amor pela vida onde a dor fez guarida
e arrebatou o sol em um sexto de estrelas
e engoliu as perspectivas de um abraço
que aqueceria a alma desavisada do mundo.

Corações desnorteados e tão solidificados
pela ação do tempo, pelo olhar do vento
que desgasta os ossos dessa carcaça
que sem carapaça reflete o ápice do sentir.

E da dor do amor um breve sorriso opaco
e um naco de condolências engarrafadas
que amenizam entre um gole e outro
aquelas nostálgicas e fugazes recordações.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

domingo, 28 de abril de 2013

Dos Fragmentos de um Sonho um Sorriso Distante




Vergalhões de sorrisos distantes
obstante um mundo em um choro contido
que é a faca da morte em consorte
ceifando a eterna senda do infinito.

E há chagas nas almas cansadas
que observam da redoma do mundo
e carregam nuvens de fogo alvorecidas
para além de um entardecer terreno.

E nas torvações diárias enleios inacabados
e do espelho um sol espesso refletido
no olhar que cuida a lua humanidade
distorcida nos pecados sem idade.

Vergalhões de fragmentos sorridentes
entre o pranto de um recanto solitário
onde a morte repousa a foice desafiada
onde a noite escapa ao dia e a madrugada.

E as sutilezas desses estigmas já corroídos
deixaram os corações gastos e condoídos
pelas entranhas da face estranha desconhecida
que se perdoou e se fez ilustre arrependida.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sábado, 27 de abril de 2013

Galáxia Solitária




De tão solitário um vazio complacente
extinguido entre os alaridos comoventes
de um pranto e um acalanto subserviente
acumulado alhures entre madrugadas sórdidas

entre as vielas com sequelas atemporais
rugindo e latindo junto aos animais;
de tão solitário um vazio entre as frestas
gritando pela noite uma trova infernal

em busca de uma resposta cósmica
em busca de uma compreensão interior
fugindo pelos desfiladeiros como um rio
de águas tão límpidas que refletem a alma

que flui tão sinistra entre o tempo e o céu;
que de tão solitário pariu galáxias e homens
e deu início a noite onde tudo se destrói
e se reconstrói evoluído, transmutado, modificado.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Galáxia Gancho de Carne - NASA/ESA

Jaz




Tão cataclísmico o pensamento
que devaneia solitário pelo vento
entrecortando subterfúgios
ou apenas fazendo revoadas de mim

entre os pássaros amargurados
procurando novos verões
e morrendo em asas decepadas
junto a tal liberdade de expressão.

Olhares grifados entre as linhas
de um pergaminho esquecido
onde existem símbolos abstratos
de uma realidade além do comum

por onde se ocultam verdades
ou apenas um esquecimento
de tudo aquilo que o sábio batalhou
buscando a liberdade de sua alma.

Famigerados sentimentos idos
destituídos de seus inúteis ruídos
já tão contorcidos pelas distorções
sônicas que é um canto universal

que ressoa e ecoa pelos tempos
e deixa pegadas e um rastro de estrelas
ou somente um grão dessa poeira
dos meus corpos que viveram e jazem aqui.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 26 de abril de 2013

De Tão Triste que Chega a Ser Feliz




Felicidade tão buscada e rebuscada
em algum beijo ou na amizade
ou até quem sabe rabiscada
pelas linhas de uma lembrança.

Um momento quem sabe despercebido
que ela chega sem sobreaviso
trazendo à dor um tom de sorriso
ou apenas passe sem ser notada.

Felicidade tal qual seria recordação
de uma fagulha ou de uma emoção
ou luminária que extraviada
pariu e luziu pelas madrugadas.

E um sentimento que não seria
tão complicado que não se sentia
apenas vislumbres e de tão pouco
ou quase um louco em seu fragmento.

Felicidade tão buscada e rebuscada,
revisitada entremeio aos lúgubres
ou rechaçada na mão dos que punem
em seus julgamentos de amargurados.

E em um momento dentro de um segundo
recolhendo almas soltas pelo mundo
todas empilhadas pelos devaneios;
todas diferentes sentindo a felicidade.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Enquanto isso...




É tarde e já é tarde
em um tempo inexistente
da noite alhures negra
como a rosa da morte;

que é formidável
quando regada a sangue
ou apenas um sorriso
desse continuísmo.

É tarde e a poesia segue
pelos recônditos das linhas
deixando às entrelinhas
uma pétala seca;

de sede e de solo ríspido
por onde os passos são cansados
dessa quase verdade
irrelevante, ensandecida.

É tarde e já é muito tarde
quase a noite densa plúmbea
que se revela nevoenta
e esconde as flores no outono;

e algumas vezes amanhece
e faz renascer as estações
pelos versos vividos intensos,
insanos, com pluralidades irreais.

Já é muito tarde então se foi
deixando um rastro amor perpétuo
no chão azul de estrelas róseas
em pirilampos e firmamentos;

e nos jardins sementes áureas
jorram o extraordinário
pelos rios que fluem retendo
as margens dessa folha rasgada.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Alma Ensolarada




Em cada sol que nasce
nas entranhas anímicas
dos dias que olho o mundo
e observo essa transmutação

que desfaz e faz o todo
e recomeça tudo de novo
o que foi velho e renasceu
nas florestas dos Pirineus

ou na alcova de uma mucama
ou até talvez na sua cama
onde entrelaçamos nossos orvalhos
e chovemos um no outro

um prazer que rega a vida
que é tão entorpecida
desses beijos venenosos
que despertam o querer

que assanham meu viver
para em ti sobreviver
nem que seja na lembrança
de uma dança de infância

que esquecerei jamais
e o resto tanto faz
pois se o mundo acabar
o meu amor ainda vai restar.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 23 de abril de 2013

Versejando Minuciosidades de uma Senda Infinita




Num versejar minucioso eu caminho
interiorizando a chaga do espinho
e no espírito que vaga sozinho
uma recordação entrecortada de emoção.

E na volúpia de uma taça de vinho
degustada algures nas vias poéticas
entre almas nuas de castas ecléticas
uma nostalgia já fatigada de prantos.

Num versejar tão detalhado do espelho
uma palavra refletida no olhar vermelho
e um disparo ao convexo já complexo
do conteúdo obtido em ápices de introspecção.

E nas vertigens derivadas do firmamento
já há o novo envelhecido e embevecido
com toda mágica decerto à pratica restrita
da vida cálida a tatear vias malditas.

Num versejar, portanto um tanto pecaminoso
passos tão lentos em solo gasto e nodoso
jogando aos pássaros grãos secos metafóricos
colhendo campos tão coloridos e insólitos.

E nas colinas já correm soltas insanidades
se misturando em metamorfoses com a verdade
e os fragmentos dos pensamentos são distorcidos
restando apenas esse poema de amores híbridos.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: NASA/ESA

Da Palavra à Foz da Poesia




É a palavra dita muda
na poesia envolvente,
onisciente e perspicaz
elevando o momento
até o final do tempo
e ultrapassando o nunca mais.

É a palavra descrita
na poesia desdita,
silenciosa e relativa
transcendendo a vida
ao mortífero algoz
aonde há o tempo do depois.

É a palavra nua sussurrada
na poesia malograda,
entremeio ao tudo e o nada
por onde existe o equilíbrio
por onde morre o distúrbio
por onde o tempo é taciturno.

É a palavra gritada livre
na poesia que revive,
os sentimentos e as emoções
que sobrevive aos corações
tão nulos em risos do absurdo
por onde o tempo corrói o mundo.

É a palavra da ascensão
na poesia que inexiste,
além do alegre e do triste
por entre os véus do submundo
aonde dorme um moribundo
e sonha o tempo ao relento.

É a palavra que ainda lembro
na poesia desconvexa,
desconcebida e desconexa
de onde a letra do introspecto
reflete a luz interior
enquanto o tempo faz amor.

É a palavra que encerra
em poesia a luz da guerra,
do amor ao ódio e a paz da terra
que carcomida e precária
concebe as mãos incendiárias
e a alma do tempo a crepitar.

E a palavra agora fala
e a poesia então se cala,
se contorce e resvala
na face rubra da hecatombe
por onde a morte se esconde
esperando a vida atemporal.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Das Bocas Malditas




Há quem diga algo da minha loucura
mas se dizem é porque não me conhecem
e não sabem quantas luas eu roubei
somente para pratear minhas poesias.

Há quem diga algo da minha insensatez
mas se dizem é porque o amor desfez
as coerências e indecências perseguidoras
e já não sabem que eu adormeço pelas masmorras

e dessa zorra meu intelecto corroí a tez
e num mergulho pelas estrelas desconstitui
todas mazelas que a boca suja já não influi
sobre minha graça sem carapaça na minha face.

E há quem diga que minha briga é um desvario
mas já não sabem que minhas águas fluem ao rio
que corre e morre na foz barrenta do meu espaço
aonde aporto minha sensatez em desembaraço.

Coisas sem nexo de um eu complexo a ser julgado
mas se me punem já não esquento minha cabeça
e não me importo se a prole ambígua me desmereça
pois na minha senda só meu Deus sabe o que mereço.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Naotto Hattori

domingo, 21 de abril de 2013

Enquanto Viverem os Sentimentos




Como um som o olhar que fala
e a boca que cala um sussurro
nas curvas tão perfeitas de ti
quando o sol reflete sua pele

que adere entremeio feitiços
num viço e num transgredir irreal
dos desejos sem pudores
banhados em delírio pessoal.

Como um olor inato sem tato
e os sentidos transcendem
toda essa psicodelia vivida
num arfar dentre asas de borboletas

que desmancham as cores
e beijam a mesma flor da morte
e há uma eterna metamorfose
e até pode ser minha psicose.

Como um abraço distante
eu sinto seus nocivos pesares
e há saudade e há sublimação
mergulhados nos meus sonhos

que flagelam e redimem
todos esses pecados amados
que vivo e revivo no amanhecer
enquanto desintegro-me na luz.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sábado, 20 de abril de 2013

Insensibilidades a Flor da Noite




E depois eles partiram
junto a noite inaudível
e carregaram estrelas
insensivelmente sós

e entre nós uma lacuna
e inerte os olhares
colheram a imagética
de um momento comum.

E depois eu parti
junto aos cometas gritantes
e carreguei o coração
insensivelmente vazio

e entre os ascetas
murmúrios sobre o eclipse
e uma ceia de jejuns
de uma quaresma calada.

Partiram todas as almas
e se juntaram aos pássaros
e carregaram flores secas
insensivelmente outonais

e entre o dia e a noite
um crepúsculo despercebido
e um olhar cego apaixonado
pelas querências insanas do inconsciente.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Prelúdio de um Arrebatamento




E foi um instante viajado
no barco de um minuto
entre mares de um segundo
onde as ondas eram certeiras

e lavavam a face ensolarada
entre brumas e nuvens
e após um sussurro extasiado
um novo céu nevoento.

E foi um instante de eternidade
nos auspícios dos limites de mim;
e foi tão rápido como uma vida
que passa despercebida e envelhece

entre os sonhos esquecidos
de tempos também esquecidos
e de um sangue pré-aquecido
aos fulgores de todas as paixões.

E foi um instante inexato
de segundos indispostos
entremeio aos grão das ampulhetas
que derramaram desertos sem fim

mas, os passos galgados seguiam
e não havia mais sóis nem luas
apenas um vazio espacial entre olhares
que se distraiam a contemplar a morte.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Despido de Mim



É a vida em fluxo
e os sentimentos, ah eles causam
um certo refluxo
de um jeito que corrói
toda sinceridade existente.

É a vida em fluxo
e os sentimentos são flores lacrimejadas,
coisas que fogem a minha alçada
quando me exponho ao verdadeiro
quando queria ser como pedra de gelo;

mas, é somente a vida em fluxo
e é lancinante a recusa
e deixa em fragmentos e desuso
tudo aquilo que acreditei algures,
mas agora é só um grande vazio.

É a vida agora sem nenhum fluxo
é a cor parada e esquartejada tão só
e tudo o que foi belo e sincero da dó
quando observado profundo no espelho
que reflete o oculto dos olhos vermelhos.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A Moça que Passa nas Vias Siderais



Vejo na moça que passa
um andar gracejado
de um corpo torneado
e uma tez de veludo;

e meu olhar a percorre
e nem Deus me socorre
nesse sentir inexato
de pensamentos abstratos.

Vejo na moça que passa
um sorriso serelepe
de um rosto divinal
e cabelos cor de mel;

então eu tiro o chapéu
e a cumprimento charmoso
e o seu olhar tão dengoso
me retribui em timidez.

Vejo na moça que passa
um dialeto feminino
então volto a ser menino
e atrevo-se a se apaixonar;

mas ela passa e se vai
e eu no meu continuísmo
a escrevo em minha poesia
em versos de infinita alegria.

Vejo na moça que passa
o reflexo da minha solidão
que titubeia o coração
tão frágil as dores da paixão;

então eu fico a imaginar
eu me perdendo em seus braços
mas não sinto o seu abraço
e minha alma recolhe-se só.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem - Poseidon's Light by vvmasterdrfan

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Das Letras Grafadas a Sangue




Das letras grafadas a sangue
nos papiros amarelados da vida
uma história de dor, de amor e magia
escrita e lida no ápice da noite dos dias.

E foram caminhos por onde passei
que narrei copiando dos sonhos
e foi quando eu parti e segui a senda
e foram aceitas as minhas oferendas.

Das letras grafadas a sangue
que escorria dos meu ferimentos
uma poesia cigana distante já ida
que agarrei da inspiração despertada.

E foram dias e noites de rituais
e meus olhos brilharam e ofuscaram o mal
que outrora conheci nos livros velhos
agora é a luz que paira bruxuleante em mim.

Das letras grafadas a sangue
uma escolha oculta entrelinhas
e as chuvas lavaram minha alma
e os incensos purificaram meus pulmões.

E todos os desejos foram carregados
enquanto meus olhos vertiam lágrimas
e as portas agora abertas eram temerosas
mas na busca incessante colherei rosas.

Das letras grafadas a sangue
vestígios de um sonho cigano
que contaram vidas que vivi
que velaram mortes que morri;

e no amanhecer um tristeza
e uma nostalgia rasgou o peito
pois, somente ficaram recordações
e continuarei pelas vias destinadas a mim.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 16 de abril de 2013

Veneno Dosado e Insano




Momentos que chegam
momentos que passam
alguns esclarecem
outros embaraçam
e a dor que é presente
desfaz-se na gente
sem luz ou piedade
sem vivacidade,
e o amor que é agrura
morre de promessas
e desfaz-se nas frestas
a entregar-se ao tempo;
momentos algozes,
momentos disformes
e eu prismático
quase pragmático
de espírito estático
degusto a reação
mesmo sendo a ação
vejo a morte nos signos
e bebo o veneno do escorpião.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Asas de Poeta




O poeta mesmo sendo ser alado
vive no mundo aprisionado
e nas madrugadas agrilhoado
pelos sentimentos, pelas solidões.

O poeta mesmo sendo ser alado
vive algures os dias torturado
e nas noites frias tão assombrado
pelos sentimentos, pelas paixões.

Ah o poeta que alado voa universos
mas fica engaiolado em seus versos
tentando da vida se libertar
querendo sentir, querendo amar.

Ah o poeta que alado voa pelas paragens
mas fica preso as engrenagens
entremeio a esse vai e vem
querendo sentir, querendo alguém

com quem possa por entre nuvens
galgar os sonhos e as fantasias
roubar das noites a luz do dia
e nas estrelas nu adormecer

mas, como é ingrato o seu viver
por entre as linhas de um caderno
em seu coração que é puro inverno
esperando algum verão como estação.


Jonas Rogerio Sanches

domingo, 14 de abril de 2013

Sufrágios




De um sufrágio calado
um grito alado na planície
e há uma mesmice
mestiça às labaredas

que flagelam e sequelam
campos de alfazema
e eu vejo no emblema do sol
o fogo-fátuo do arrebol.

De um sufrágio calado
um dilema vociferado
em estado inanimado
quase que em letargia

e é a escuridão da luz do dia
eclipsada e devorada aos nacos
e há intrigantes olhares
e há um copo de vinho envenenado.

Dos meus sufrágios insanos siderais
apenas luares paradoxais
e um uivo de um lobo malhado
nos campos de mato cerrado

e no descampado a chama viva
que ameniza e deteriora a paz
que é sonho de criança, nada mais;
entre essas guerras de motivos irreais.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Devaneios Famintos




Minha fome que devora ossos
entre os cães da misericórdia
ladrando e uivando doentio
por essas vielas escurecidas
entre as nódoas de uma paixão
obscurecida, apodrecida;
entre as carcaças angelicais
espatifadas e caídas às sarjetas.

Minha fome que devora a carne
entre lençóis de cetins e sedas
tão caras como a morte tardia
de um planeta inóspito que vaga
entre as vagas elípticas orbitais
que eu observo entre dois quintais
cheios de mato cerrado, queimado;
e a fumaça já guardou viagens astrais.

Minha fome e minha boca cheia de dentes
quase doentes de tanto mastigar
essas partituras tão duras que corroem
minhas entranhas, e é tão estranha
a sensação dessa ebulição estomacal
que me sinto bem, que me sinto mal
enquanto explodem movimentos contrários
ao novo olhar errático governamental.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sábado, 13 de abril de 2013

Bianca




Bianca de pele de alvura argentina
e um sorriso em pureza de menina
que alegrou o meu dia e até minha vida
com olhar tão inocente e iluminado.

Bianca criança de luz iridescente
que afaga no abraço o peito da gente
e dispõe de mil anjos a lhe proteger
jamais seu semblante eu vou esquecer.

Bianca alegria de bela família
ascende em seus gestos amor e bondade
e no pouco de vida, no pouco da idade
já acolhe o carinho da eternidade.

Que Deus te abençoe por todos os dias
e derrame graças pelos seus caminhos
gravando seus feitos pelos pergaminhos
com letras angélicas de um amanhecer.


Jonas Rogerio Sanches 

Poesia dedicada a Bianca Delfino Lacerda

Das Guitarras até os Auspícios das Minhas Loucuras




Em sons regurgitados das guitarras
elétricas e adeptas de um blues
enterro minhas carcaças de cigarras
que cantaram e morreram bem depois

dos cadáveres putrefatos dos fatos
corriqueiros entre mil sóis em devaneios
e a cuia onde eu bebi de sangue quente
já fez coagular os meus escrúpulos.

Tão boa seria a voz de Deus acústica
cantada em partituras extrovertidas
refazendo mortes e ceifando vidas
em cálidos vulcões tão adormecidos,

mas Ele já não fala com os homens
e aqui e ali só deixou a desordem
de mil assassinatos entre as orgias
que vejo nas televisões vadias.

Cansado e entrecortado pelo caustico
suor que rasga face a luz da lida
que sóbrio vou trilhando na berlinda
no aguardo de um apocalipse inexistente

que faz tremer e faz endoidecer a gente
que se apega e já não prega pregos nas cruzes
somente um par de estrelas onde reluzem
as fossas tão desfocadas do amor perdido.

E nas esquinas das amarguras um ébrio destino
corrosivo como as chuva pálidas de Netuno
aonde eu adormeço e esqueço o prumo
de todos os alicerces desconstruídos,

e a face já desgastada daquele velho menino
me olha e observa minha insensatez
e no dia do revertério pira de vez
tentando me compreender em analogias.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Momentos Propensos a Poesia




Dos tantos momentos vividos
ensinamentos são colhidos
e fazem do peito um abrigo
reservado em paz no coração.

Momentos de ventos zunindo
e ouvidos atentos ao mundo
que canta de forma velada
os mistérios da minha jornada.

Vivências repletas e entardecidas
entre olhares de flores contorcidas
ou apenas o espinho do caule desnudo
de uma rosa vermelha que estudo.

E os jardins já ocultam parlendas
de uma infância regada de estrelas
de cirandas de tempos infinitos
que cantavam amores e mitos.

Calejadas agora minhas mãos
de canetas e penas e letras
que na campa riscavam borboletas
passeando onde jaz um alguém.

E nas árvores brotadas do além
nobres cânticos raros canoros
contrastando ao som de um choro
por aqueles que um dia partiram.

Vejo em todos ímpares universos
que inspiram-me em cada verso
de amor, alegria ou tristeza
que contemplo pela natureza.

E dos tantos momentos vividos
restam sussurros e alaridos
e o tic-tac do relógio da eternidade
que conta meus dias sem misericórdia.


Jonas Rogerio Sanches

Das Sequelas das Existências




No amparo do abraço do mundo
eu encontro um resquício de amor
que em casulo tenta se dispor
de uma forma nua e desconhecida

que é a necessidade evolucionária da lida
no entanto, um pranto na face surgiu
de olhar pra esse mar de desolação
que desgasta e aflige o âmago do coração.

Procuro esquecer ou mudar de direção
sem sair dessa estrada de idas e vindas,
de mortes e vidas já grafadas no destino
onde a escolha é a seta da determinação

e o chão onde piso as vezes escorre
pelos rios e cascatas do tempo retido
naqueles minutos onde eu não tinha existido
ou apenas um sopro divino de coesão.

Tentar esquecer, no entanto não tem valia
na senda de muitos obstáculos transpostos
aliás, se não houvesse todas essas recordações
não teria entendido o teor das minhas lições

que aprendidas e vividas algures pelos inícios
por onde os finais já não mais existem
e o que é real quase sempre inexiste
entre os gostos das flores que provei do amanhã.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Dos Sonhos Sonhados de um Sonhador




De um sonho sonhado e reverberado
em ecos na mente da noite inconstante
buscando o reflexo do que era antes
do corpo cansado querendo adormecer.

De um sonho sonhado lembrado e real
recordo indulgências do lado do mal
que transmuta-se em flores de misericórdia
e em jardins siderais o amor em si transborda.

De um sonho sonhado como um ser alado
transpasso os limites do tempo e do espaço
e provo do gosto da tão almejada liberdade
e vivo intensamente os sentidos da verdade.

Se sonho acordado é que sou sonhador
livrando meu corpo dos flagelos da dor
para então mergulhar nesse mar de alegorias
e em ondas e brumas rechaçar as agonias.

Eu sonho e vivo entrecortado de poesia
desde a madrugada até o fim do dia
pois posso nas letras me harmonizar
e assim minha alma metamorfosear.

De um sonho sonhado metáforas de mim
descritas e escritas pelos velhos pergaminhos
aonde eu gravo as nuances de um caminho
trilhado com determinação e sentido com coração.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Salvador Dali

quarta-feira, 10 de abril de 2013

De um Acorde do Universo




É uma música mágica
sussurrando aos olvidos
e o corpo a soçobrar
nas ondas desse mar

tão imenso de prantos
já secados aos ventos
que trazem palavras novas
que trazem as boas novas

tão velhas que padeceram;
e a música continua
na tez da donzela nua
que entrelaça-se aos lençóis

que renasce à luz de sóis
tão imensos num céu insano
de estrela de milhões de anos
e de cacos de muitas vidas

pelas eras já retorcidas;
é a mágica olvidada
nessa música sem parada
que é cantada pelo universo

enquanto eu risco um verso
e do risco uma poesia
uma noite, um açoite no dia
que de medo precipitou-se

sem saber se ela o amou
sem saber o gosto do beijo
que já quis em algoz desejo
e que morreu com os sonhos.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Orion - NASA/ESA

Quando os Dias Partiram Calados




E os dias se vão com o tempo
e fica uma sensação de vazio
como se houvesse um buraco no peito
e são recordações de um não sentir.

Na aurora então guardo meu olhar
e há cantos de pássaros raros
multicores bebedores de orvalho
e são lembranças bucólicas de mim.

Na estrela que se apagou agora um céu
então mergulho às nuvens e um azul profundo
quase bem pra lá das lástimas do mundo
onde repousam as tintas das canetas mágicas.

E os dias se vão com o tempo
e carregam meus ventos esquecidos
além de vidas e de mortes, além do limbo;
e nos rios entardecidos luzes e gemidos.

No crepúsculo então guardo meu sentir
e há resquícios de amores a ziguezaguear
pelas entranhas tão desgastadas do existir
pelas brumas tão mágicas envoltas ao mar.

E nas estrelas tão cadentes que transpassam
noites sem luas, noites escuras no âmago do sol
chorando seus rios de fogo às cores do arrebol
ou apenas aquecendo os recônditos do meu coração.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 9 de abril de 2013

Já é Quase Madrugada




Já é quase madrugada
de outono colorido
e a saudade da amada
só desola meu abrigo.

Já é quase madrugada
e as estrelas companheiras
ao olhar lá na sacada
a mirar a cordilheira.

Já é quase madrugada
e o poeta solitário
pelos versos centenários
espera pela alvorada.

Já é quase madrugada
e os relógios em silêncio
contam doze badaladas
de um coração imenso.

Já é quase madrugada
e no peito é solidão
já rolaram tantas lágrimas
que agora é sequidão.

Já é quase madrugada
e distante minha amada
sussurra verso ao vento
pra amainar o meu lamento.

E eu aqui acolho todos
os poemas tão noturnos
e a eles junto rogos
dos sentidos mais profundos.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Caminho



E de repente, no meio da noite ele juntou todos os seus sonhos e partiu.
Mirou nas estrelas seu caminho e disse a si mesmo que só descansaria quando encontrasse o seu eu interior, seu olhar transparecia uma vontade inquebrantável e seus passos galgados suaves demonstravam uma firmeza sobrenatural.
Já era quase o amanhecer então, mirou-se nos espelhos translúcidos do universo e na última aurora reconheceu-se, no rosto esboçou um tímido sorriso, seu corpo foi atravessado por uma sensação de felicidade, era ele mesmo ali a sua frente e a vitória dependeria só dele.
Então desembainhou sua espada e com um gesto determinado batalhou pelos seus dias, pelas suas vidas intermináveis... E existiu pela eternidade!

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Da Estupidez Humana




Corações desérticos e ecléticos
e encouraçados de guerra enferrujados
nas rádios onde bombas explodem
e nas metralhadoras arrependimentos.

É tanto sangue derramado;
rios avermelhados de estupidez
e fontes que jorram hipocrisias
que queimam vidas em busca da paz.

Corações petrificados e dilacerados
pelas vontades devoradoras de homens
pelas ganâncias pútridas generalizadas
e é só mais um assalto a mão armada.

É tanto sangue que me afogo nessa vermelhidão;
oceanos rubros de desprazer
e fontes de olhares ignominiosos
que ceifam filhos em busca de pais.

Corações mortíferos e terrificantes
açoitando a carne já cansada de lutar
por um mundo onde os fatais meios
de modo algum justificam os finais.

E é tanto sangue que eu pranteio
entremeio a fumaça de cadáveres
que caminhantes errantes disfarçados
se esqueceram de morrer... Se esqueceram de deitar.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Do Ventre da Solidão Nascem Ventos de Nostalgia




Do ventre dessa solidão
filhos deserdados do amor
semeadores de dores
que afligem os pensamentos.

Do vento dessa solidão
um refresco no rosto escasso
um olhar em desembaraço
contemplando luzes do futuro.

E no peito o efeito mortífero
de um coração rechaçado
temeroso e quase estraçalhado
pelas vidas que passam velozes.

E os sentires tão algozes
refletidos no imaginar
como um barco a deriva no mar
sem receios de onde vai aportar.

Do ventre dessa solidão
nascem filhos vindos da tristeza
de estirpe nata da realeza
desses versos a sós recitados.

Dos ventos dessa solidão
uma brisa azul de esperança
que renasce na voz da criança
que eternamente vive em mim.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: António Dulcídeo, Solidão

domingo, 7 de abril de 2013

Vozes dos Sonhos e da Noite alguns Sussurros




Deixo a noite falar conselhos
e de joelhos entrego-me a prece
e é quando o amor se fortalece
diante um mundo silencioso.

Deixo a noite acordar o poeta
e em palavras e rimas discretas
uma mensagem oculta nos versos
que ao certo já é quase incerto.

Deixo a noite e mergulho à penumbra
do quarto e é raro um sentir passageiro
somente um querer que é derradeiro
ou que seja eterno o seu abraço em mim.

Deixo aqui um descrever inanimado
e um rastro de dor alternado
corrosivo e até fragmentado
como meu olhar prismático em você.

E das estrelas solitárias alguns alaridos
no firmamento regente tão plúmbeo
que esconde a lua em poucos gemidos
e em um narciso a beleza oculta do além.

Deixo a noite trazer um sono de sonhos
e mesmo que meu adormecer seja medonho
encaro de armas em riste os meus pesadelos
e é quando minhas quimeras tornam-se flores astrais.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Cacos de Fome




Do chão rachado dos meus calcanhares
há pares de pregos galgados na lava
das erupções constantes do mundo
que regurgitam os ossos gastos dos defuntos.

Das nuvens ácidas dos meus cabelos longos
tranças e danças nas fogueiras dos suplícios
e nas piras incendiárias rodas de cantigas
esperando a chuva que virá apagar as estrelas.

Parece até que é sem sentido toda a dor sentida
mas, é caco de vida, de vidro fosco rasgando o rosto
cansado e suturado sem nenhuma anestesia
e o olhar é fundo como os arredores do meu sertão.

Chão de estrelas, agora apagadas e surradas,
corroídas e carcomidas pelas lidas das mãos cálidas
que sulcaram a terra seca onde só brotou a fome
e das vitrines lá de cima devoradores lobisomens.

Do chão rachado e sangrento dos meus calcanhares
brotaram raízes e matizes de cores arrependidas
que foram irrigadas a sol, suor e lágrimas
das pupilas tão tranquilas que vigiavam os cães famintos.

Parece até ser sem sentido toda a falta de abrigo
àqueles que queriam morar nos vítreos corações
mas já não há espaço e muito menos perdões
somente bocas famintas esperando nacos de alegria.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google