domingo, 31 de março de 2013

Mágico




Separei as cores dos planetas
e estavam dispostos no círculo
e a cada um seu Anjo Guardião
e a cada órbita um candelabro.

Separei o fogo da água e foi sutil
e o ar soprava as chamas sobre a terra
e ficaram guardando os quadrantes
enquanto olores e orações se misturavam.

Separei a alma do corpo e transitei
por entre as portas que manifestavam-se
e eram cada qual a sua hora mágica
e foi somente um vislumbre do Todo.

Separei os pensamentos do tempo
e agora era somente o exato instante;
do círculo chamas e elementais e anjos
e do olhar um universo manifestado.

Restaram os dias sem sol e sem lua
e tudo se reformulou e se reuniu
e foi a união dos elementos e do éter
e a vontade que foi inquebrantável triunfou.


Jonas Rogerio Sanches

Via Crucis




Na cruz entalhada em pecados
das vias dos fardos humanos
o Filho de Deus foi pregado
apenas aos trinta e três anos.

E a dor de uma mãe que assistia
lavou muitas almas imundas
mas Judas não olhou todavia
e no algarve entregou sua vida.

Mas Cristo já é ressuscitado
e caminha entre nós pelos dias
espalhando a cura e a bondade
àqueles que não a mereciam.

Sublime o Cordeiro do Pai
que na Páscoa ressurge imponente
ceifando a discórdia e o mal
que vai no coração da gente.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sábado, 30 de março de 2013

O Meu Olhar no Seu Olhar




Ao meu olhar um sentir
de tudo que vejo a existir
e do imaginar o inexistir
que brota forte em solo fértil.

Ao meu sentir um velho olhar
castanho que contempla calado
a criação e ainda o incriado esvoaçado
vertendo ápices da minha ficção.

Do meu olhar ao seu olhar
chispas do fogo do amor
e a saudade me arremete
aos auspícios nulos viscerais.

Do meu sentir no seu olhar
o sangue efervescente
regando a nascente de águas venosas
que é a ebulição do coração.

Do meu olhar vazio e perpendicular
jorram em prismas formas e novas cores
jorram flores de instigantes olores
jorram energias e luzes transcendentais.

Agora somente o seu olhar ao mar
a deriva nessas correntes fluentes
de nuvens apaixonadas siderais
carregando sensações indestrutíveis.

Agora somente o olhar da minha alma
nessa faina interminável de observações
refazendo laços antigos de velhos amigos
que surgem no anoitecer em formas espirituais.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Olhar sob as ondas - Atelier de Jesus por Aline Barros

Aquela Voz que Ensina os Sonhos




De uma voz vibrando na mente
sussurros quase inaudíveis ditam
letras em vertentes espirituais
que derramam conhecimentos

das trilhas percorridas diariamente
e há cantos ciganos à lua cheia
e na vela laranja crepita um verso
escondido entre seres etéreos.

De uma voz vibrante e ditosa
canções das cores do arco-íris
e cantigas esquecidas às estrelas
que carrego no atento olhar

e é um vislumbre do futuro nas cartas
e é em terra estranha em terra inóspita
que as almas vagam em busca de respostas
e o que há nas profundezas se oculta taciturno.

De uma voz que é uma foz de gracejos
entremeio aos restos das composições
que se refazem adequadas as orações
tão pessoais que são já falas cotidianas

que é o que inflama e fortalece o sonho
que é vivido e faz frente as pedras da senda
que enleva espíritos aos ápices dos auspícios
então eu revejo toda a fé e continuo a caminhar.

E aquela voz sussurrada dita os passos e nunca adormece...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

De um Olhar Diáfano à Translucidez da Contemplação




No olhar de nuances âmbar
as certezas e dúvidas diárias
de vontades e desilusões
da dor, do amor, do Cristo.

No olhar distante, luzes diáfanas
e um refratário colorido dispersa
determinações e determinismos
de um adulto tão criança e menino.

De um olhar vadio e perspicaz
onde a destreza contorna a sombra das letras
ou apenas observa a poesia nua e fria
que jorra em fontes de inspiração.

Do meu olhar ápices da transfiguração
de um olhar espiritual que vigia
meus atos, meus fatos, meus fardos
pesados e satisfatórios e exuberantes.

Do olhar das estrelas lumes e cumes,
translucidez a flor da pele e da vida
e da morte tão eterna que o infinito arrefece
e a mente esquece e relembra os dias.

Do olhar divino inexorável a misericórdia
que transborda e anula e vislumbra a criação
de uma pétala inóspita e do ladrar do cão
e então, suas pupilas regem as incontáveis galáxias.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Nuno Rabelo

sexta-feira, 29 de março de 2013

Verbos Nocivos




Das bocas nocivas
enlevos de vidas
dispersas em conversas
e benditas desgraças

e a alma rechaça
o marafo ou cachaça
do abraço insurgente;
e o medo da morte

consorte das lidas
achadas e perdidas
entre caras quebradas
ou da luz alquebrada;

nos becos maciços
nos bares e vielas
olhares e sequelas
do trago mortífero

e é ríspido,
quase dilacera
no verbo que erra
essa conjugação;

de um sim e de um não
dependendo à vontade
e é noite e é tarde
no túmulo-coração.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 28 de março de 2013

Letras Antigas e Esquecidas




Nos nomes dos anjos guardados
segredos dos sábios hebraicos
e histórias funestas da transmutação
da vida em vida seguida por evolução.

Nas folhas de chá foram vistas imagens
dos tempos que paragens de estrelas
ocultavam na fronte o limiar do horizonte
e nas letras douradas segredos de ontem.

Parece que um tanto passou e deteriorou a luz
mas é vero que o lume é eterno de olhar sempiterno
e cuida da sombra em um tal equilíbrio exato
que é o traço que é nato do cosmo na transfiguração.

Nos nomes secretos dos deuses antigos
gritados em silêncio do peito em abrigo
e da roda que quadrada gira um ciclo que segue
e ao Tudo se refere como a forma em manipulação.

Nas folhas as linhas de uma poesia antiga e repleta
de versos dispersos pelos ecos do mundo oriundo
dos astros que crio e recrio nas coisas da imaginação
que é a força e vontade que impele essa continuação.

E os mistérios continuarão sob as areias cálidas
e minha pena continuará como se fosse um membro
esguio que derrama do âmago das existências
lágrimas mágicas exorbitantes como letras de paixão.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 27 de março de 2013

Versos Inadequados




Sandices inóspitas inadequadas
de uma estrela tola vagante
que cansada orbita sem parada
espalhando poeira de gente errante.

Velhos cacos cósmicos desvirginados
pelas carícias meteóricas pragmáticas
que geram filhas e filhos alados
que parem anjos caídos inanimados.

E da poesia-ácida-explosiva
átomos desintegrados de uma cerveja
noturna em uma roda de alegações conclusivas
sobre o penúltimo bocejar do último sol.

E lá vai... E lá vem... O crepúsculo da aurora
que sem demora desorvalha minhas pétalas caídas
e de sobreaviso desnuda os caules da vida
calando num espaço vazio as vozes do amanhecer.

Já não quero algures novamente renascer
só quero passear por essas vias siderais
e espalhar com alguns versos as chaves do nunca mais
ou quem sabe implodir minhas partículas numa velha supernova.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Supernova Remnant - NASA/ESA

terça-feira, 26 de março de 2013

Adequação




Vou me adequando
de vez em quando
ao bucolismo de domingo
nas paragens do ribeirão.

E a linguagem flui
em cantos fúnebres
de boca em boca
e a mente segue a transfiguração.

Vou me adequando
ao inadequado pensamento
e a poesia é como um vento
que refresca o meu contemplar.

E a linguagem influi
nos entendimentos
ou até um lamento
da mente que se dissipou.

Vou me adequando
e deixo a continuação
sem padronização
somente subjetivos devaneios.

E a linguagem explana
e inflama as imaginações
e incendeia paixões
com um simples beijo da caneta.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Transfiguration-Lewis Bowman

segunda-feira, 25 de março de 2013

Nossos Olhares Saciados




Meu olhar amanhecido acompanha
o esvoaçar das madeixas negras
dos seus cabelos embaraçando-se ao vento
e meus devaneios vociferam paixões.

Meu olhar amanhecido te mirando
e contornando tuas formas divinais
que arrepiam ao meu toque ousado
e teus devaneios gritam pelas estrelas.

Teu olhar amanhecido a me cuidar
quase que de soslaio a divagar
pelas recordações das poesias para ti
que compus enquanto os deuses se embriagavam.

Teu olhar oceânico e donairoso
que encanta todos os meus feitiços
e é quando nos desejos secretos eu atiço
aquele fogo que roubei das piras do Olimpo.

Nossos olhares ímpares extraviados
como que mergulhados  em êxtase empírico
desgastados como nossos eus tão líricos
que amanhecidos se desentrelaçam nos lençóis

a espera das músicas de todos os arrebóis
ou apenas se observam calados e saciados
pelas luzes que emanam da foz das almas
que se fundiram nesse ser denominado nós.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

domingo, 24 de março de 2013

As Pétalas Coloridas do Coração




Meu coração que é de papel
e está borrado em poesias
que contam as fases do meu amor
tão profético que até assusta
os olhares dessa busca lusco-fusca.

Meu coração em papel carmim
colado ao seu batendo assim, vivos;
contando sem palavras essa abraço
que é sentido como afago na alma
flamejando nas chamas do seu olhar.

Meu coração roubando seu suspiro
que num gesto sublime e tranquilo
se doa e então se faz de estrelas o sentir
e são todas as galáxias em burburinhos
compondo cantigas dos nossos sorrisos.

Meu coração que agora é todo seu
palpitante qual quasar em ápices noturnos
e é uma explosão enigmática de cores
e é um ramalhete raro que colhi no amanhecer
somente para poder contemplar seus sonhos.

Um ramalhete com as pétalas do meu coração...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sábado, 23 de março de 2013

Dia de Sol e Lua




No céu a lua
e o dia a pino
e o sol sorrindo
à namorada

que sobreviveu
a madrugada
e amanheceu
para saudar

o seu amor
que alvoreceu
para lhe ver
e prevalecer

ao fim do dia
quando partirá
e deixará a brilhar
a primeira estrela

que no arrebol
crepuscular
veio beijar
a noite escura

que só perdura
no firmamento
até que volte
o astro rei.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 22 de março de 2013

Sementes das Flores Mágicas do Purgatório




Somente flores mágicas
guardadas às rosas frívolas
na dor do espinho ríspido
que partiu inconsciente.

Sementes de flores mágicas
e no rito primeiro a iniciação
e a noite engole os medos
que tínhamos daquele olhar.

Agora já é um céu desnudo
e o punhal encravou as pilastras
da luz e da treva do coração
que amou as linhas do pergaminho.

Agora já é um eu inocente
e os pecados foram insanos
e os assassínios foram esquecidos
nas piras fúnebres de Baal.

E ainda que renascessem
as vidas ceifadas nos degraus
das pirâmides dos sacrifícios
a chuva não retornaria e seria a sede.

Uma boca sedenta de um beijo
e as entranhas agora pútridas
de um corvo morto a tridente
e fumegantes os olhares distantes.

Somente flores mágicas
e os segredos das flores mortas
carregadas nas asas do tempo
trancafiadas no baú da perdição.

Sementes de flores mágicas
que germinam feitiços sombrios
cantados nas poesias da Caldéia
pelas vozes mudas de um camafeu.

E pela noite eterna das vidas
eles gritaram por outra chance
mas, foi tudo ilusão de criança
então eles foram adormecer no purgatório.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Le Fleurs du Mal - Marylin Mason

quinta-feira, 21 de março de 2013

A Pedra Filosofal




Do sangue que escorre
do veio da terra em eflúvios
recolho a alma do chumbo
que é o limbo da modificação

e lanço junto ao sal das eras
em cadinhos de orvalhos raros
colhidos das soterradas ruínas
que guardam os manuscritos

que é mito ou é o espírito irreal
que é o mal que se esvai e o ouro
é o tesouro da senda robusta
do iniciado que em peleja é lançado

e surte demasiado essa sublimação
que é justa e é a busca certeira
que de sobremaneira degola
os laços nefastos da terra que encerra

e aprisiona em sua redoma
aqueles que em corpos espessos
vivem pelo desregrado avesso
e dispensam os auspícios do sutil

e o buril é de algoz manuseio
onde o alquimista maneja a certeza
de sua realeza oculta sem culpa
nem laços mundanos só luz sideral

lançada das profundezas lustrosas
entre a cruz e a rosa da verdade
que possuí o segredo da eternidade
transmutada no elixir da pedra filosofal.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Dias Noturnos entre Sonhos Taciturnos




Apenas mais um dia
em que a alma recria
fórmulas de amor
em retóricas de poesia.

Apenas mais um dia
em essência de alegria
tão infinita que grita
uma voz de sorrisos.

Apenas mais um dia
em que amanhece
em sons incognoscíveis
de um sol que aquece

e distante e constante
turbilhões de paixões
de dois astros celestes
que se buscam no zênite

contornando as órbitas
e redemoinhando céus
e terras e infernos cruéis
de invernos patagônicos;

ou então antagônicos
como noites e dias
percorrendo suas vias
e se abraçando na aurora.

Apenas mais um dia
em nostalgia noturna
entre estrelas soturnas
e verdades taciturnas

escorridas pelas pupilas
que pestanejam olhares
e contemplam mares
a espera de um beijo seu.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 20 de março de 2013

Corações Vibrantes




Calado o coração contorce-se
e vislumbra seu olhar distante
que apaixonado quase alquebrado
deixa entreaberta as pupilas sonhadoras.

Calado o coração agora arrebatado
pelo olhar vidrado todo azul celeste
e o meu sertão agora é agreste
onde os rios da vida foram renascer.

Calado o coração palpita sorrateiro
mirando o seu olhar em fresta de soslaio
olhando a cor do mar de um quase mês de maio
das suas cataratas lacrimosas, pupilas tão chorosas.

E o meu coração agora cantante vibra
por morar junto do seu nas trilhas dessa vida
que passa desapercebida durante o abraço
que é fogo dilacerante que envolve-me nos seus braços.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Guiherme de Faria - O Abraço

De um Olhar de Pureza




No fim da tarde
e da vida ambígua
quase terminal
a chama queima

e a vela encerra
segredos de rezas
que sublimam
e animam a alma

que olha o crepúsculo
e em ato robusto
sorri a noite perene
e a estrela primeva

surge no seu olhar
distante e sideral
que mira os sonhos
que vigia os cumes

dos picos dos vaga-lumes
que ziguezagueiam
por entre as esferas
azuis transcendentes

que envolvem o amor
que eu guardo às flores
cultivadas sem dores
às luzes multicores.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 19 de março de 2013

Empirismo Onírico




Nas fórmulas mágicas antigas
reli sobre eras já esquecidas
e pelas frestas da noite a pino
um vento sorrateiro uivava um hino.

Era Medéia chorando seus pecados
ou era Apolo rasgando os céus da Ilíada,
beijando os sonhos abstratos de Homero
que cantava todas as histórias da magia.

Nas fórmulas tão mágicas reli
os sentimentos secretos de Orfeu
o vi os amores proibidos do Camafeu
que sangrou até morrer de amor.

Era Péricles fugindo dos assombros
ou era Hércules ressurgindo dos escombros
de um Panteão de Deuses bizarros
que cantavam seus orgulhos e escárnios.

Nas fórmulas mágicas refiz a minha senda
e trilhei um rabisco de um mundo onírico
galgando os degraus de um desejo empírico
de um homem-anjo-caído estirado no limbo.

Era Colosso sucumbindo ao peso-mundo
ou um barqueiro dos rios do submundo
que carregava almas a preço parco de quimeras
ou apenas poesias gritando uma nova era.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Fragonard - O Balanço 1767

segunda-feira, 18 de março de 2013

Revoada de Entardecer




No revoar d’um vendaval
capturar palavras novas
e o desfolhar d’um arrebol
que doira o olhar em nuas rosas.

É flor distante atemporal
que escorre em tempo fortuito
na espuma livre de um farol
que guia os rastros nus marítimos.

No revoar d’um temporal
relampejar palavras novas
e no trovão rugido em voz
que anoitece jardins de prosas.

É verso aberto de um infinito
que escapa olhares entardecidos
que escreve estrelas mistificadas
cantando em céus as madrugadas.

No revoar d’um devaneio
destituir da mente insanidade
de um sem começo ou entremeio
que invade o amor de eternidade.

É vasto o campo que ceifa o trigo
que pelas auroras pediu abrigo
aos terremotos bucólicos de uma paixão
que fez descrer sem ter um coração.

No revoar introspecto entardecido
um leve abraço e um ombro amigo
que pranteou cores no horizonte
e irradiou nuances inesquecíveis.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

domingo, 17 de março de 2013

Onde Foi Parar o Tempo?




Onde foi parar o tempo?
Foi espalhado à luz de velas
e na penumbra o esquecimento
de um paradoxo incontornável.

Se foi deixando em um minuto
o vazio escasso de uma eternidade
e o que o desejo já não quis muito
estagnou-se em inúteis paragens.

Onde foi parar o tempo?
Não foi parar, nem foi ainda,
e na contínua voz que desalinha
os meus segundos que beijam horas.

Se foi; e não se demora o infinito
e é tão complexo, nulo e esquisito;
quase nada em um abraço de uma vida
que escalou montanhas na fração de um lindo dia.

Onde foi parar o tempo?
Não foi e não sei, nem mesmo senti;
morri, nasci e ao mesmo tempo
te esperei observando as vagas do relógio.

E no inconsciente os medos pararam de chorar...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Refazendo as Promessas Cumpridas




Dos caules às flores
sementes e escolhas
que são feitas sob os espelhos
do tempo, que é providência.

Dos frascos de amores
às letras e o seu perfume
angelical que algures
inspira e atrai benesses.

E nos pedidos urgentes,
e nos entraves temporários;
à confiança e retribuição da luz
que envolve a consciência que desabrocha.

E nos pedidos guardados urgentes,
desentraves consequentes  pungentes;
e os olhares voltam-se as coisas sublimes
e é tão real o invisível que entorpece.

Dos vales das flores em caules
perfeitos de cores esdrúxulas
quão raras e bruscas que acendem
nos campos as luzidias asas da libertação.

E na última dúvida a revelação
e os caminhos se explanam concretos
e tudo voltará ao seu devido lugar
então, mesmo distante eu sorrirei a sua alegria.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 15 de março de 2013

Saber e Não Saber




Não sei tocar um violão
mas sei tocar na alma
com um olhar do coração
e um poema que acalma.

Não sei soprar os clarinetes
mas recitarei aos minaretes
com voz lúcida de trovão
uma poesia a tremer o chão.

Não sei harpejar como Davi
mas sei elevar os sentimentos
além da dor e dos tormentos
em versos simples e perfeitos.

Não sei cantar como tenores
mas sei falar dos meus amores
pela vida, a lida e a natureza
e transpassar em letras as belezas.

Não sei sonhar como Jacó
mas pela escada vejo anjos
também os olhos dos Arcanjos
em prontidão a me abençoar.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 14 de março de 2013

Letra e Verso




Da letra infinitesimal
a expansão do verso
e o gênese poético
que amanhece em luz
e iridescente oscula
os lábios do universo.

Da letra rebuscada
a explosão de tudo
e o nada absolvido
e liberto em decerto
dos grilhões anímicos
constantes da evolução.

Da letra tão simples
um índice nascedouro
de um livro de ouro
ou de um compêndio
esquecido no nicho
cósmico de um rabisco.

Da letra versificada
em suma averiguada
genitora à poesia
que alumia e recria
a foz da alegria
e os ápices em amor.

Jonas Rogerio Sanches

quarta-feira, 13 de março de 2013

Dos Remorsos às Alegrias às Transgressões




Dessa torpe embriaguez
passada agora as sequelas
e alguns flashes das noites
guardados as memórias

e dos segredos mais secretos
um aprendizado coercivo
e há lamúrias e remorso
do outro lado dos espelhos

que refletem as ablações anímicas
e condenam-me a morte
e a casualidade é mera estupidez
pois, são as plantios que determinam

as colheitas que eu rejeito
no gélido leito desse amor
pela vida e pela transgressão
de todas as regras

e das frases nos cartazes
que dizem-me o que devo fazer.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

No Roçar das Nossas Peles




A minha pele a roçar a sua
e suas coxas nuas a se arrepiar
fugindo ao tato nato de carinho
e se embaraçando por entre lençóis.

E os seus perfumes já impregnados
deixam-me ouriçado fora de estação
e minhas pernas quase que bambeiam
junto a disparada do meu coração.

Minhas mãos passeando seu corpo
deixam-me absorto quase extasiado
e no abraço que aperta seu busto
nada mais que justo a te dar prazer.

E as nossas peles misturam-se em essências
e não há clemência e sim satisfação
de duas almas nuas em poesia, no raiar do dia;
transmutando em sorrisos todas agonias.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: morning by kittys yellow jacket

terça-feira, 12 de março de 2013

Do Pó ao Pó




Deceparam minha alegria
e se esqueceram de avisar
esqueceram-se da nostalgia
e que a morte leve paira no ar.

É uma pena essa vida cigana
mas, a dor é irremediável
e as sensações desenganam
aquilo tudo quem pensei ser real.

Já não sou nenhum menino
e meu coração aprendeu a sofrer
só não caio algures em desatinos
e você, não me deixe falecer;

pois da morte já basta o que sinto
que dissolve as lâminas e os ossos da vida
e arrebenta em aroma absinto
essa busca as graças da lida.

E nas efígies lembranças do beijo
último gesto carinhoso e valioso
antes que a carne se esvaiu de alma
e o corpo adormeceu e retornou ao pó.


Jonas Rogerio Sanches

O Meu Presente




Meu presente a ti é uma poesia
mas, gostaria de oferecer a cura
para todas as intempéries e agruras
que assolam durante a vida.

A ti queria a rosa mais bela
mas, eu sei que a possui no seu olhar
e nos seus gestos transpõe doçura
que levam-me a querer te amar.

Então contemplo sua beleza
e agradeço por esse dia
que veio ao mundo a flor mais rara
mais clara até que o raiar do dia.

Aceite e guarde em sua alma
essa homenagem tão merecida
que sai do âmago do meu sentir
para tentar te fazer sorrir.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Poesia dedicada a Grande e Maravilhosa amiga Ivete Soldati Thomé que completa mais um ano de vida.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Sementes Plantadas com Amor Rendem Frutos Sadios




Sementes plantadas da vida
na lida aguadas, cuidadas e floridas
e ao tempo com zelo colhidas
com força e amor vão curando feridas.

Sementes cultivadas em poesia
nos campos da noite
entre os antros que luzem no dia
e o solo das letras sulcados com alegria.

Sementes somente dão frutas
cuidadas com esforços e lutas
constantes e obstantes necessárias
para essa reforma pessoal poetagrária.

Sementes na mente e a frente
um futuro brilhante do amante
das artes gritantes entre baluartes
e o determinismo é a chave motriz.

Sementes, colheitas e sorrisos
e um ombro amigo para recostar
a fronte repleta de sonhos e buscas
fortalecidas quando anseio te amar.

Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 7 de março de 2013

Tímpanos Sangrentos



É quando meus tímpanos sucumbem
ao rugidos mudos desse trovão colosso
que vigia os relâmpagos do seu olhar
tão distante como a chuva que se foi

e não retornou e não me amou
mas, vigiou as catacumbas de Paris
naquela noite sem luar e sem cometas
somente um grito no beco amanhecido.

É quando meus tímpanos ensurdecem
ao rugido do leão alado e decepado
que já não pode pousar nos jardins
desse éden mortífero do âmago mim

que vocifera entre as esferas esquecidas
roubando mortes e bebendo vinhos de vidas
no caule pútrido da árvore insana da maçã
que eu morderei sob o pecado de amanhã.

É quando meus tímpanos ríspidos enegrecem
e se desfazem nus em decomposição
quando olvidam a música do seu coração
que chora amargo o gosto ranço da paixão

que fere a alma e desalinha meu olhar
que vê futuros e olha os muros de Zanzibar
onde minh’alma andando em círculos se perdeu
e agora o que encontro já não é você e nem sou eu.

É quando meus tímpanos sangram e singram
nas rotas do som das mortíferas explosões
que avassalam as vertentes dos sentimentos
e tornam gélidos os quereres da minha gente

que muda e pasma só observa minha poesia
que nasce órfã quando adormeço nesse dilúculo
que aguarda o sol que de antemão raia esse dia
que interminável me direciona pelas imagéticas vias.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Quando me esqueci de como sorrir




Eu já não sei sorrir
sozinho pela estrada
nem pelas madrugadas;
é que preciso de você
e quando está distante
meu mundo fica mudo
meu olhar fica nulo
e as estrelas vigiam
o seu sono entusiástico
que é fruto da mordida
que foi dada na maçã,
e agora já não há amanhã
somente minha solidão
olhando sua letargia.
Então eu já não sei sorrir...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 6 de março de 2013

Tentativas de Liberdade




Tento transpor no verbo o indizível
para mostrar na poesia o invisível
e um devaneio além, incognoscível
nos sonhos sonhados do amanhã.

Tento repor as letras do incompreensível
para mostrar nos versos um eu sensível
e uma insensatez além, do não plausível
nas vidências averiguadas em sua mão.

Tento voar com minhas asas imaginárias
para mostrar para meu ego toda verdade
e um desapego do mundo, com humildade
nas experiências vividas na noite eterna.

Tento haver pelos futuros tão incontidos
para reviver todas as fases das minhas luas
e desnudar todos os mistérios em folhas cruas
onde registrei apenas eus líricos paradoxais.

Tento morrer todas as vidas tão inexatas
para reaver as dores das mortes ingratas
e renascer em rimas velhas o meu espírito
e pairar leve a liberdade dessa continuação.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Cantiga de um Olhar Campesino




Nos olhares campesinos da senhorita
que sem demora eu me apego e apaixono;
e minhas entranhas se remoem ao abandono
quando de longe eu avisto-a pelos meus sonhos;

queria eu tê-la em meus braços ó minha amiga
pois de pensar em ti meu coração palpita
mas nos teus gestos torna impossível o meu amor
resta o meu coito dilacerando-me de dor.

Nos olhares campesinos eu me perdi
e em sofrimento de amor platônico esmoreci;
agora a campa me esfacelo estatelado
e faço a cama em negro mármore gelado

que acolhe o corpo e deixa a alma assim liberta
e ela voa pelas paragens à sua procura
mas o que encontra já foi passado e não perdura
quando percebo que agora a vida de mim partiu.

Aquele olhar que era outrora tão campesino
somente chora por um amor não revelado
e o meu espírito observa tudo arrependido
de ter guardado o seu amor em egoísmo.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 5 de março de 2013

Anos que Passam




Passam os anos
e ficam as marcas
da vida, da lida,
da poesia percorrida
e fica um olhar
longe a divagar
tempos a recordar
toda dedicação
pela literatura
pela alma nua
que grita liberdade.


Jonas Rogerio Sanches
Poesia em homenagem a Carlos Leite Ribeiro, presidente do Portal CEN

Coração Lisérgico




Um amanhecer cujas dores
proeminentes de um coração
tão lisérgico como as cores
misturadas em aberrações

alucinam entremeio as flores
desfolhadas de uma paixão
tão vivaz que desperta o sol
em aurora nua do arrebol

que inverso quase desconexo
em pensamento-fragmentos
de mil sonhos que eu alimento
e afagam o rosto como o vento

minuano que resseca a pele
e minhas pálpebras como faca fere
a ferro e fogo todos sentimentos
que renascem quando eu te miro

entrelinhas antes do suspiro
derradeiro de uma vida breve
que no gelo do amor arrefece
sem saber o gosto do seu beijo.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Hyuro

segunda-feira, 4 de março de 2013

Despertar das Idades Esquecidas




Acordo e recordo o sono tranquilo
e os finais não acabam apenas modificam
todos os novos inícios e deixam resquícios
dos vícios da vida e o amanhã talvez será.

Acordo e revivo o princípio do início
e o final foi-se embora para se terminar
e o menino pequeno que um dia fui eu
agora já cresceu para escrever sobre amar.

Acordo e o sonho tristonho se vai
e deixa a saudade daquilo que vi
e as flores na campa já não querem sorrir
somente um silêncio mais que pesadelo;

que é fruto do medo dessa derrocada
que cai mais não abala os meus fundamentos
que é em sorte consorte das filhas do vento
que varrem as mazelas para o nunca mais.

Acordo e o sol ainda não despertou
então adormeço e refaço os planos do amanhecer...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google