domingo, 30 de setembro de 2012

A Empunhadura da Espada no Caminho Iniciático




Empunhei o caduceu
e não era meu
e não era seu
era de Hermes
e sua estrela era de esmeralda.

Empunhei a espada
e não foi para a batalha
era principado
era o início
e sua empunhadura era magia.

Empunhei as estrelas
e eram imensas
e eram cometas
imensidões e prodígios
e sua luz era o puro éter e o grande arcano.

Empunhei a matriz da minha alma
e era diáfana
e se tornou translúcida
e foi feita uma transmutação
e sua essência era poeira de galáxias.

Empunhei átomos e elétrons
e eram fundamentais
e era uma eterna metamorfose
e foram se colidindo
e sua energia era o gérmen da vida.

Empunhei aquele ramalhete
e era de rosas
e era de margaridas
eram raízes de mandrágoras
e sua essência era de todos os encantamentos.

Empunhei a vida pela estrada interminável
e era feita de ladrilhos e mosaicos
era um quebra-cabeça de sete mil peças
era uma roda gigante flutuante e insana
e sua essência era todos os meus sonhos.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Desgaste Natural




Sou os ossos desgastados
e meu coração opaco é espasmo
os olhos olham sem foco
e reparam os zunidos ultrassônicos.

A árvore é a madeira desgastada
e seu passos inertes e imóveis
contentam seu peito oco
e seus cabelos são flores de ipê.

O pássaro é o sobrevoar desgastado
e seus gorjeios canoros repicam
e suas cores salpicam os céus
enquanto voa em vácuos intermitentes.

Sou ossos osteoporóticos
e pulmões asmáticos e cansados
mas os olhos vagueiam as estrelas
e os cometas são os rastros de banimento.

É tudo uma velha carcaça em decomposição
pais e filhos e árvores e os rios continuam
da seiva da terra o ósculo do magma
e as pedras derretidas continuam continentes.

É um planeta vivo-morto querendo um abraço
querendo uma poesia de restituição
os cerrados desejam o retorno do lobo guará
e meus jardins sequestraram as borboletas.

Enquanto isso eu deterioro um pouco mais a cada respirar,
enquanto isso eu morro essa vida eterna lentamente
e vejo meu ser se desfazer em pó da terra
e vejo o mundo girando nessa incompreensão pueril...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sábado, 29 de setembro de 2012

Flor de Jacarandá




Olhei distante ele lá todo imponente
com caule e com tronco garboso
vestido em manto mais que majestoso
grandioso e belo jacarandá mimoso.

Olhei tão perto e tão extasiado
suas flores roxas, mágicas... Divinizadas.
Perfeição arbórea enfeitando o planeta
recanto de pássaros, de anjos e de borboletas.

E o olor era feitiço, causando ao peito rebuliço.
Belo e olente jacarandá mimoso e reinante,
teu olhar já é o bastante... Dignificante;
e meus sonhos voam com suas pétalas.

Magnificente a beira da estrada
enfeitiçando olhares e corações
com flores de desmistificação
com reflexos da divina perfeição.

E no amanhã quem sabe um novo florir,
um florir de renascimento onde eu sou semente
de árvore ou de gente que finca raízes
e germina outra vida abraçado com a primavera.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Desdobramento




Foi sonho
e foi real
e eram sete
e disseram luzes.

Foi sonho
e foi astral
e era dia
e o sol era conhecimento.

Foi sonho
e foi além
e seus olhares
refletiam a cruz.

Foi sonho
e foi jardim
e eram iniciados
e exalavam rosas.

Foi sonho
e foi sonho de criança
e a busca foi iniciada
e a alma sorriu plena.

Eu sou os sonhos meus e,
eles me instruíram no sonhar
suas bocas jorraram amor
suas mãos se prendiam ao Todo.

Foi sonho
e eram anjos
e eram arcanjos
era o meu próximo passo.

É um sonho
materializado
poetizado
de vida e de paz.

Sonhos tão reais que meus passos flanam;
Sonhos tão astrais que minha mente de repente
se abriu e deixou entrar todas as palavras
e, depois de acordar continuei a sonhar.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O Ancião dos Dias




E o ancião dos dias seguiu
por entre as frestas do tempo
e fez cessar os ventos
para continuar pelas dimensões.

E ele carregava o livro dos dias
e escrevia com a pena de ouro
deixava as vozes falarem em sua mente
deixava os atos dizerem tesouros.

E o ancião dos dias seguiu
por entre as vias intergalácticas
com suas pálpebras pragmáticas
bebendo mundos e girassóis.

E ele carregava todas as vidas
todas as mortes e todas as flores
todas as dores e os amores
pela própria criação concebida.

E o ancião dos dias seguiu
contando os minutos  do infinito
gritando verbos de sua vontade
bebendo os anos da sua idade.

E ele carregava os filhos dos filhos dos filhos
em seu ventre de universos infindáveis
e seu pensamento era de incógnitas
e seu amor era pela humanidade.

E o ancião dos dias dormiu
e se instalou o caos na terra
sede de sangue e calor de guerras
e até hoje se espera a cura dessa animalidade.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: O Ancião dos Dias de William Blake - 1794

Minha Alma Interminável




Minha alma que é luz
e é eterna
é a base do ser
e a essência do viver.

Minha alma que é poeta
e é repleta
de anseios
e de ideias.

Minha alma que é centelha
e é o próprio eu
evoluindo
nessa dança sem final.

Minha alma que fala
e que cala
mas embala
todo o movimento.

Minha alma que inspira
e aspira sonhos
e desprende do corpo
que repousa ali na cama.

Minha alma que inflama
e derrama
toda essa inspiração
toda essa alegria.

Minha alma que é vida
que continua outra vida
que nunca desanima
e que segue o fluxo natural.

Minha alma que é o bem
e é o melhor de mim
e é o amor enfim
que afugenta todo mal.

Minha alma que segue
e persegue devaneios
e que sente a energia
que permeia que circunda.

Minha alma que amanhece
e arrefece o sol
e se embebe no sangue
das estrelas e da lua.

Essa alma que carrego
ou que me carrega
nas vias de paz
nas trilhas de luz.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Intervenção Irrevogável




O coração buscando a paz
entrecortando os dias vazios
mergulhado em melancolias
e os arrebóis cantam com os ventos.

O coração forte, mas dilacerado
se remoendo pelas noites sem estrelas
buscando abrigo no abismo do universo
tremulo e em penumbras imerso.

E a mente vaga solitária e sem descanso
a procura de um afago, de uma lembrança
restituindo os passos de incontáveis vidas
sentindo a flor da pele a dor da ferida.

Quem sabe as flores não embalem meu sono
com cantigas de lírios, rosas e margaridas
ou quem sabe a morte que espreita calada
venha e arrebate todas as almas nuas.

Repousarei minhas sandálias no pó da terra
e deixarei os pássaros carregarem os anos,
insanos os devoradores de ossos e de florestas
que se alimentam de cometas e balbúrdias.

Seria minha insensatez somente uma ilusão?
Queria dormir por todas as eras restantes
e despertar no dia eterno além da existência
para assistir o último caos e o renascimento...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Tambores da Minh’Alma



Fui seguindo os passos
e a pele rasgava ao frio
mas, eu queria chegar
e o rugido era de um tambor.

E eram tambores de mina
fluindo do seio das matas
degustando Amazônias e Maranhões
regurgitando todos os Exús.

E a fauna era atraente aos sonhos
tinha cores de mil arcanjos
e as flores cantavam com os silfos;
e era tudo dentro do espelho da mente.

E a espada encravada na pedra jurou,
jurou o juramento da honra
e era dever de rei desencravá-la
então Merlin fugiu para as nuvens.

Mas na pedra ficou o sangue
e eu recordei aquele livro;
de Artur, grande Artur
que mudou o rumo da história.

Mas quem sou eu?

Somente um relampejar
que rasga o peito em poesia
e, num só devaneio morre e renasce
para deixar algumas letras para vocês...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Nuvens de Fogo




Nuvens de fogo crepitando
queimando todos os céus
e os sonhos fumegantes
por sobre aquele monte.

Nuvens incendiárias e exuberantes
daquele futuro lembrado antes
de todos os anoiteceres de chamas
que dilaceram os fogos-fátuos das estrelas.

É a baforada angustiada do dragão
que pinta o céu com nuances quentes
e os sons são de infernos suspensos
e atemorizantes aos olhos do cego seguidor.

Mas aos olhos incandescentes do poeta
é só mais uma labareda de inspirações
porções de versos jogados nos incensários
d’onde a fumaça sagrada renova os tons laranja.

É a erupção crepuscular de uma fornalha
refletida nos olhos daquela criança esquecida
que corre os campos e, incansável decola livre
para voar nas planícies férteis das nuvens de fogo.

E o espetáculo terminará com o beijo mortífero do luar...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Centro de Ufologia Brasileiro

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Buscando a Cura do Espírito




Seguindo pela estrada escura
na noite que é bruma
que é luz diuturna ou soturna
se resguardando ao amanhecer.

Seguindo pela senda da busca
penumbras da cura
além das loucuras
recebendo a eterna graça do Pai.

Seguindo só e ao mesmo tempo junto
sou vivo hoje mas, fui defunto
agora caminho não mais a esmo
os passos seguem a trilha do Rei.

Seguindo na noite escura o caminho
e as estrelas vigiando as efígies
materializadas no mais branco algodão
libertando a alma de todos os grilhões.

Jornada que se plasma ao pensamento
recolhendo a mente dos lamentos
e a mesma fé que move as montanhas
resigna e fortalece o físico e o espiritual.

E o retorno tranquilo e ausente
dos temores outrora presentes
e o sorriso companheiro e sincero
compartilhado sem máculas mas com esmero...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Gostos




Gosto dos pensamentos extraordinários
e de sonhar com lugares inexistentes
ou existentes nos meus conturbados
universos de versos e de ilusões.

Gosto do vento na hora do crepúsculo
e de contar as estrelas surgindo no céu
de minha boca ou do mesmo firmamento
onde eu voo pelas noites extravagantes.

Gosto do sol amanhecendo e iluminando
as frestas das janelas e as borboletas
que ainda dormem encasuladas e mutantes,
gosto de contemplar todas as metamorfoses.

Gosto de escrever poesias e de gritar no vazio
desses campos de supernovas e galáxias em colisão,
caos e organização se movimentando alternados
regendo as transformações das almas e dos jardins.

Gosto do gosto das pétalas amanhecidas
e das cores exuberantes das orquídeas
as cores dos olhos daquela menina solitária
olhos tão verdes como as florestas e o mar.

Gosto do seu tilintar na janela amigo passarinho
e do gorjear entardecido nos galhos do abacateiro
é o sabiá ainda menino crescendo junto de mim
é o meu gostar simples e enternecido pelos jasmins.

E vou seguindo por entre as estrofes da minha senda
gostando das dores e das flores, as vezes desgostando
daqueles que maltrataram os antigos cedros e juás
mas, a natureza continuará seguindo mesmo se eu partir...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google


"Saveurs"

J'aime les pensées extraordinaires
et à rêver de lieux qui n'existent pas
ou en vigueur dans mon troublée
univers des versets et des illusions.

J'aime le vent au crépuscule
et compte les étoiles apparaissent dans le ciel
de ma bouche ou même le firmament
où je prends l'avion par des nuits extravagantes.

J'aime le soleil levant et éclaircissant
les fissures dans les fenêtres et les papillons
ils dorment encore encasuladas et mutants,
J'aime regarder toutes les métamorphoses.

J'aime écrire de la poésie et de crier dans le vide
ces supernovae et de galaxies en collision champs,
le chaos et l'organisation en mouvement alternatif
régissant la transformation des âmes et des jardins.

J'aime le goût de amanhecidas pétales
et les couleurs exubérantes des orchidées
les couleurs d'yeux que lonely girl
yeux vertes comme la forêt et la mer.

Tintent comme votre ami birdie fenêtre
et gazouillis dans les branches de l'avocat entardecido
Le muguet est un garçon qui grandit avec moi
mon amour est simple et adouci par le jasmin.

Et j'ai suivi à travers les strophes de mon chemin
goût des douleurs et des fleurs, parfois dégoûtant
ceux qui maltraitait les anciens cèdres et Juas
mais la nature continuera à suivre même si je pars ...

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Tradução para o francês de Mourad Madi.

domingo, 23 de setembro de 2012

Brisa de Primavera




Lá fora a leve brisa e aqui dentro
a mente vaga sem nenhum destino
os olhos passeiam flores e desatinos
e as formas estão ficando angulares.

É brisa sã de primavera renascida
é semear a todo instante a vida
é sentir vivos os céus e terra em harmonia
é olvidar o sussurro mudo dos dias.

Brisa e serestas lindas das madrugadas
onde cada letra é uma nova forma alada
que sobrevoa os cimos da lua prateada
se dividindo em notas doces numa viola.

Dias de outrora sem demora vou recordando
e a cada imagem pra outras eras me transportando
sem mais limites deixando voar os pensamentos
deixando a brisa levar embora qualquer lamento.

E o que restar ficará disposto em poesias
que sai do âmago do amor sem heresias
que é o mais puro do poeta arrebatado
que é sua alma se despindo dos pecados.

E nos fins dos dias a brisa cessará e será uma nova aurora...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Poeta Hereditário




É toda uma mágica que envolve
os poemas e os homens-poetas
são pastores de estirpes distintas
e suas ovelhas são cumulonimbus.

É além de palavras essa visão do mundo
que o poeta contorce e retorce e embeleza
colocando na estrofe dragões e mil luas
refletindo as pupilas de um bardo trovador.

É o lima da fábula bem mais afiado
desbastando os confins universais
degustando os manjares de estrelas
libertando os anjos dos grilhões infernais.

É feitiço amoroso é o verbo do pecado
é o leão principado e alado dos dias
espalhando nos livros contos e melodias
é o poeta envelhecendo nas montanhas imaginárias.

É a mágica passando de pena em pena
para deixar riscado em folha virgem
as minhas letras e as suas letras e as letras deles
compondo eternamente o inacabável livro da vida.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sábado, 22 de setembro de 2012

O Renascimento das Cores e das Flores




É ela que chega perfumando
colorindo os vasos e jardins
com as vestes do renascimento
surgidas do seio da terra.

É a semente da alegria primavera
é o germinar de encanto e flores
o equinócio que ruge em beleza
é a estação divina da fortaleza.

Oh primavera majestosa e rainha
chegue com chuvas, passarinhos e arrebóis
tão coloridos e encantados dia após dia
traga os olores das estrelas até nós.

Traga seus mantos tão olentes e multicores
para cobrir de divindades nosso cerrado
para na serras encher os olhos de entusiasmo
para tirar das letras poesias sobre o marasmo.

Venha vestindo a flor mais bela no meu canteiro
venha reinando nos campos a seiva da natureza
venha ressuscitando todas sementes adormecidas
venha com mágicas e fantasias pra minha vida.

E no entardecer afagarei as pétalas das rosas...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: giverny spring de Claude Monet

Somente a Chuva para Lavar Minh’Alma




E no amanhecer a chuva presente
e os rugidos do céu em trovoada
árvores sorrindo desde a madrugada
e os pássaros da aurora em alegria.

É mais um dia renascendo em perfeição
minha alma está lavada pelas águas pluviais
meus caminhos tortuosos seguem firmes
o sofrimento que era presente não é mais.

É à força da magia, bafo dos elementais
restituindo meus segredos e vida
fortalecendo os sonhos dessa lida;
sonhos que eu quase deixei para trás.

É a força da poesia que sai d’alma
e retumba ecoando em corações,
é a força de uma caneta em atividade
a registrar todas as horas da minha missão.

E os pingos cristalinos na janela estão limpando o ar...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Como aquela música eu vivi




Como aquela música eu vivi
enquanto embalei sonhos
mas era a música da minha vida
e cessou naqueles dias que correram as lágrimas.

Como aquele pássaro emudecido
eu quis cantar mas apenas calei
e quis voar mas apenas fiquei
enquanto as asas desabrochavam.

Como aquela borboleta silente
eu quis planar, mas, existiram ventanias
e fui carregado por jardins que renasciam
e fui encravado na primavera que chegava.

Como aquela poesia antiga que reescrevi mil vezes
eu fui apagando e refazendo meus passos incertos
e deixei tantas coisas guardadas nas gavetas velhas
que até perdi a chave das portas do mundo.

Como aquele reflexo convexo no espelho eu sou.
Tão complexo e tão pequeno ainda e tão feliz
que levarei algumas sementes no bolso
para quem sabe plantar a árvore das novas harmonias.

Quem sabe eu repouse nos galhos intermináveis do sol
e no final dos pensamentos minha música
 volte a tocar pela eternidade...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Centelha




E brilhou uma luz mutante
naquela esquina vazia
e era a luz do pensamento
desmentindo todas as blasfêmia,
então eu bebi dela incessantemente.

E brilhou e brilhou eternamente,
e minhas pálpebras se fecharam
o que vi foi só a mente criadora
tão incognoscível que me calei
e minhas lembranças foram vaguear.

E brilhou no mais secreto coração
enquanto pulsava universos nas veias
então eu sorri; sorri de gargalhar
sentindo o frenesi cósmico germinar
e minhas lembranças foram vaguear.

Foi o brilho eterno dos meus sonhos
e foi a matriz de uma vontade inquebrantável;
os dias são claros como a noite suspensa
e as noites são todas as vidas em poesia,
eu já fui o outro sol... Mas, eu serei o devaneio.

E a última centelha nunca acontecerá, a morte não tem finais...


Jonas Rogerio Sanches

Sonhos Poéticos e Proféticos




Eu deixarei as palavras voarem com os ventos
e beberei do fogo dos dragões para renascer,
todas as poesias contarão a história dos tempos
e antes que a luz reine a treva durará três dias.

Essa é a profecia do sonho na noite eterna
e minha voz gritará pelos quadrantes o sol
a minha magia mora no sorriso da criança
e meu sangue regará os novos jardins.

Pelas trilhas das pedras afiadas colherei espadas
e hibernarei mil anos no planeta congelado
mas quando Noús recordar minhas batalhas
eu acordarei e me aquecerei no templo do infinito.

Os últimos versos eu deixarei gravado nas rochas
e depois que todos os vestígios forem esquecidos
do coração do universo nascerá o filho das nuvens
e seus descendentes se espalharão pelos sete céus.

Mas antes que a morte ceife nossa geração
o leão rugirá e a trombeta tocará sete vezes
a voz do incompreensível será ouvida por todos
então será o início dos anos do verdadeiro amor.


Jonas Rogerio Sanches 
Imagem: Google

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Olhando as Carpas no Seu Jardim




Estava eu olhando as carpas
e as flores no seu jardim
quando veio o devaneio
e a mente esvaiu-se de mim.

Foi levada aos beija-flores
viajando nas costas da tartaruga
fui tão leve em brumas de poesia
deslizando em meio a nuvens e plumas.

Estava eu no universo
e um verso inverso em meu reverso
estava eu em meio aos anjos
com pensamentos desconexos.

Estava eu olhando as carpas
então me veio esse poema
deixei as letras ali no banco
deixei as amarras desse planeta.

E as borboletas continuaram no mesmo lugar...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Sal das Lágrimas




Hoje eu vou viver todas as minhas mortes
pra depois morrer minha última vida
vou deixar a alma adormecer mil anos
vou deixar os cães lamberem as feridas.

Hoje vou calar todas as minhas vozes
pra depois gritar minha dor engolida
vou deixar os ventos retorcerem o tempo
vou deixar meus sonhos na próxima esquina.

Hoje vou chorar todas as minhas lágrimas
pra depois beber o sangue em despedida
vou deixar meus pés pisarem as brasas
deixar meus pecados ditarem a lida.

Hoje vou dormir o meu sono mais profundo
pra depois acordar em dimensão desconhecida
vou deixar a pena embebida em tinta
e na escrivaninha a última poesia.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Parido Pelo Ventre Solar




Eu nasci das cinzas do sol
em uma chuva de primavera
em dia de nevoeiro e apocalipses
parido pelas filhas do desconhecido.

E os temores já eram tremores
e invadiam as suculentas corredeiras
vaidosas e venosas do ente eterno
que fez guarida no regente coração.

Eu nasci da morte das estrelas
onde fui fundido em aço e areia
reforçando as matizes da alma
nessa dança perpétua e alegórica.

Era dia sem lua e com trovões
onde fúnebres cânticos voavam
pelos ares desse furacão de sensações
entoados pelas vozes aterradoras da terra.

Eu nasci e renasci dez mil vidas
fui o germe da guerra escondida
d’onde a morte foi logo escolhida
para o baile dos tempos futuros.

Era o dia morrendo em sussurros
era a noite em bailado de anjos
era o sangue da mãe derradeira
testamento encravado nas veias.

Era somente um parto poético flamejante...


Jonas Rogerio Sanches

domingo, 16 de setembro de 2012

Desalentos Lançados ao Vento




O que restou foram os cacos
eu os recolhi e guardei no peito
eu me recolhi mergulhando ao leito
sussurrando a voz levada pelo vento.

Hoje sou apenas mais um transeunte
caminhando a esmo nessa via escura
juntando os pedaços dessa vida crua
seguindo descalço nessa eterna rua.

Hoje me esqueci de regar os jardins
esqueci da vida e esqueci de mim
os meus pensamentos que são só você
marcam minha história nesse não viver.

Dores e amores às vezes vêm e vão
mas o meu amor foi feito pra durar
quem dera fosse sonho e um acordar
lembrando aqueles dias lindos de verão.

Hoje recolhi os cacos dessa história triste
amanhã estarei de novo com a espada em riste
pronto pra batalha da jornada eterna
pronto pra curar a minha alma enferma.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sábado, 15 de setembro de 2012

Ciclo das Luzes




Mais um dia que nasce
ou renasce em aurora
e o sol não demora
reflexos de recomeços.

E a poesia e o poeta
que novamente desperta
para deixar sua marca
sua assinatura eterna.

Vendo e descrevendo
todas as cores e flores
também amores e dores
e sua sorte e morte.

E os pássaros de plateia
trinando letra por letra
acompanhando essa luz
que sombreia o planeta.

E lá vai mais um dia
esse astro que brilha
nos deixando o cariz
e as cores do crepúsculo.

Essa é a labuta
dessa alma que luta
contra o tempo e o vento
buscando inspiração.

E a noite acaricia os sonhos
banhando o espírito com estrelas...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Homem-Símio




Raciocínio
de homem
de símio
da natureza
que é fortaleza
raiz da beleza
rainha em certeza
do homem
do símio
exímio
em seu extermínio
da natureza
indefesa
que enche a mesa
e o ar de olores
mas
que grita
suas dores
labores
horrores
nas florestas
queimadas
surradas
pelo homem
pelo símio
indiferente.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O Gosto Amargo das Madrugadas




Degustando a madrugada crua
entre as teclas e as estrelas
e surge a poesia raiz do verso
onde a flor noturna é o inverso.

Degustando sons silenciosos
de um vento repleto de penumbra
e mistérios escondidos e medonhos
que o poeta caça em seu âmago.

Irreal é a noite eterna
e meus suspiros são cansaço
minutos de inexistências
onde a morte é um sorriso.

E o paladar é sensível
separa cada gosto essencial
ao método correto do ritual
e as pálpebras são pergaminhos.

Se o sol retornar eu não morri
mas definharei de saudade dos astros
e a tinta da história é puro sangue
refazendo todas as noites um novo final.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A Poesia de Todas as Cores e Primaveras




A poesia das cores
e de todas as primaveras
dos pássaros e feras
nas florestas dos feitiços
e os mitos já mortos
queimaram fogueiras
com suas histórias.

A poesia das flores
e de todas as estações
das guerras e das nações
nas montanhas de gelo
onde os leões alados
ainda rugem sua mágica
e calam os tempos.

A poesia do poeta morto
e dos vivos ainda em versos
semeadores de luz
e nas cantigas antigas
soberanas dos festins
e nas donzelas encantadas
que adormeceram por eras.

Somente a minha poesia
sussurrante e macia
que adentra a noite e o dia
e os ouvidos das estrelas
por séculos e galáxias
levando o meu grito
numa voz quase muda.

A poesia desnuda
que em alma amena
o coração serena
e apazigua
toda força ambígua
e perfuma os sons
com letras e tons.

Somente poesia
regente do eu
e do caminho
que percorro
acompanhado
ou sozinho,
eterna senda de vida...



Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Relendo a Alma no Caminho Percorrido




Não escrevo somente por escrever,
existem sonhos por detrás das letras
e tombos, também existe um amor
daqueles que modifica a gente.

Não escrevo para agradar ninguém,
se as vezes agrado é de minh’alma
que jorra minha essência sofrida
que causa um sorriso em alguém, vez ou outra...

Não escrevo por ego ou outro capricho,
existe um horizonte além dos sonhos
e inspirações, também existem grandes objetivos
que traço diariamente e batalho-os incessantemente.

Escrevo sim a poesia nascida em mim
e, parida no universo de um verso
ou de uma cantiga sobre enamorados
que bailam estrelas e madrugadas de devaneios.

Eu partirei um dia e meus escritos borrarão
em um dia chuvoso ou em uma escrivaninha
onde derramam as lágrimas da saudade
mas, o que eu fui ficará gravado no Éter.

E somente no dia do amanhecer eterno
é onde eu restituirei todas as linhas d’alma
eternizando letra por letra desses pergaminhos
que guardam meu sangue e minha sã insanidade.

E quem sabe as tempestades tragam novos sóis
enquanto eu cuido as flores dos jardins das sementes douradas.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Inconformidades


Imagem: 
Inconformidades de Ana Paula Neves


São conformidades sucintas
de coisas normais
das coisas extravagantes
e das coisas que não foram feitas.

Conformismos ditosos
que curvam o meu verificar
turvam os rios venosos,
que regam minhas entranhas.

E as modificações são como caramujos
protegidas pelas cascas endurecidas,
movendo-se em lentidão extrema;
deixando seu rastro peçonhento.

Mas as pessoas estão conformadas
deixaram de usar a vontade,
marionetes de rotinas;
enfeitando os comerciais de televisão,

enfeitando a árvore de natal,
colocando meias na lareira;
esperando o Papai Noel,
com uma cesta de soluções.

Conformidades inconformadas
sempre a mesma insatisfação.
sensação que está incompleto;
sensações estranhas antes de dormir...

E essa diligência sem rédeas continua sua jornada,
girando, girando e girando...


Jonas Rogerio Sanches

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Metamorfoses e Transmutações




Ou poeta ou alquimista
voando pelas gretas
transformando
versificando observâncias.

Ou poeta ou alquimista
relendo coisas antigas
transmutando
a alma do caminho.

Entretanto,
dias e mais dias de lutas
e labutas congruentes
nessa química viva.

Noites e dias poéticos
e alquímicos,
distorcendo os ingredientes
e todas as frases e fases.

E o final é longínquo
mas a essência é eterna
e tira da terra e do fogo
o seu combustível.

Alquimista poeta
de vontade repleta
e de olhar magnético
atraindo opostos e crisálidas.

E sua obra ainda é incompleta
mas, suas metamorfoses
são a sua realidade e deleite
enquanto o mundo gira incessante.

E todas as lagartas se embelezam
 com asas e nuances divinas.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google