domingo, 22 de julho de 2012

Maratona de um Par de Calcanhares Descalços num Mundo sem Orelhas

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Correndo entre essas frestas
Sem fim nem começo
Num mundo de altos e baixos
Onde as estrelas se misturam
Onde os camelos morrem sedentos
E um suicida escorpião bebe seu veneno

Correndo entre os maratonistas cansados
Nessas vielas atordoadas
Num mundo de desfiladeiros profundos
Onde as areias se colidem
Onde os cães ladram murmúrios
E um colibri corta suas próprias asas

Correndo incansável
Nessas harmonias em partituras
Partidas entre os compassos
Onde o arquiteto mede sua jornada
Onde o camaleão se mistura em cores
E um leão vende a própria juba em um mercado tailandês

Já não vou mais correr
Vou enfrentar essas muralhas
Vou fazer um negócio da China
Vou vender meu almoço
Pois hoje ainda preciso jantar
E minhas entranhas sangram

Vou ficar aqui um pouco
Vou ficar aqui pra sempre
Ou nem vou chegar a vir
Vou ficar calado e ouvir
A voz do mundo surdo
Que me canta poesias

Vou correndo no final do dia ver o sol partir...


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

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