sábado, 31 de março de 2012

Versos Experimentais de Gratidão



Nesse experimentalismo poético
Galgo os degraus de minhas escritas
Aliados as mentes reluzentes
Dessa explanação de ideias frutíferas

Nesse existencialismo cotidiano
Aprendo o que alhures é escasso
Entre seres tão iridescentes
Entrecortadas pela lucidez desnecessária

E é nessa amálgama de opiniões
Que surgem respostas e esclarecimentos
Um tanto quanto necessários... Sinceros
Onde a escolástica predominante é variável

É nesses versos de retribuição
Que expresso minha fortuita gratidão
Aos grandes pensadores e poetas
De casta nobre e sabedoria repleta

Essa poesia é uma homenagem aos Poetas do C.L.A.E.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

Olhares Cotidianos




Observo cabeças pensantes transitando
Também as não pensantes... Muitas mesmo
Observo o arvoredo passeando... Ali parado
Olhando a algazarra dos pardais gritões

Observo as mesmas cabeças agora paradas
E o arvoredo se abana de calor... Venta forte
Os não pensantes não veem nada disso... Vagueiam
Em suas rotinas vestindo camisetas suadas... Iguais

Observo o banco da praça ali sozinho... E me aconchego
Boa tarde ao arvoredo... Agradecido à sombra
E são tantos transeuntes... Carecas e invisíveis
Descalços e espirrando uma velha gripe... Hipnotizados

Eu o observador agora observado... Pelo cão sarnento
Faminto de carinho e de um almoço gentil... Olhar triste
E o pedaço de pão envelhecido... Agora me serviu
Foi o começo de uma nova amizade... Fiel amizade

Observo agora o cão sorrindo... Bebeu água da sarjeta
E o olhar distraído dos transeuntes... Nada notam
Celulares e rotinas... Atropelamento na esquina
Cansado eu me retiro do mundo... E volto à poesia


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 30 de março de 2012

Hermético




Guardei os ossos dos rituais nas catacumbas
E espalhei encantamentos hieroglíficos pelos porões
Aquele cálice partiu-se em seu próprio veneno
E as nuvens de tormenta cobriram o firmamento

Aquele senhor sinistro continuou sua jornada
Avistava-o ainda entre os clarões da tempestade
Envolto em vultos escarnecidos que guardavam
Os segredos das palavras que não serão ditas jamais

O paladar degustava os ávidos sentidos novos
E a boca jorrava todas as luzes do amanhã
Aos ouvidos surdos ao que é profano e hostil
E cerrava os véus diante as visões das pitonisas virgens

Os degraus se partiram com a batalha de Jacó
E o anjo perturbou-se diante tal infâmia
Mas os portais cumpriram as profecias desditas
E a próxima geração foi amputada em seu berço

Restaram apenas resquícios dos velhos pergaminhos
Cacos de um cotidiano fantástico e sobrenatural
Onde ao som das trombetas eram ditos Salmos
E o anoitecer derramava nos corações o leite das estrelas

Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

O Domador




O domador e sua vida
A serem domadas as fases
Acentuada as crases
Amansada pelo chicote

O domador de caminhos
Inerte ao animal interno
Que feroz desgasta-se
Em sua prisão temporária

O domador e sua coragem
Enfrentando a besta dos tempos
Guardando a face ao vento
E a vitória não é mais tardia

O domador de sua vontade
Amarrado aos grilhões amargos
Do alvorecer gelado e vazio
Por onde aceitou palpites

O domador de almas
Carrasco de si mesmo
Caminhante de histórias
Percursor do verbo solitário

O domador da morte
Que descansa em seu leito
Frio e aconchegante
Esperando as portas se abrirem

Para domar os últimos passos
Para adentrar ao lado de fora
Fora da vida... Fora da morte
Fora de alcance... Dentro do universo


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 29 de março de 2012

Sentença de Amor



Nossos laços são inquebrantáveis
Mesmo com toda distância entre nós
Pois um amor de almas transcende
Aos obstáculos que a jornada impõe

Fundimo-nos em um só espírito
Para suprirmos essa falta um do outro
E nas noites que me sinto mais sozinho
A minh’alma te busca em seu ninho

Mas a saudade sempre me acompanha
Coração alquebrado se acanha
Pois me falta esse olhar de ternura
Que me acalma e me leva a loucura

Mas te amo mesmo tão distante
E sei que meu lar é o seu coração
Onde me aconcheguei sem pedir licença
E fiz desse amor a nossa sentença


Jonas Rogerio Sanches

Noites Infinitas




Noites sem fim nesse dia infinito
E as paredes do quarto a me sufocar
Um mundo gigante a se limitar
Nas asperezas da vida... Na mesa de um bar

Noites distantes onde a mente retumba
Um grito de angústia... Um copo vazio
Um corpo disforme... Um olhar penetrante
E já não questiono nem o garçom... Nem o universo

Noites sem lua, sem frio, sem esperança
Sentimentos bradam os gestos desfeitos
Onde a poesia se perdeu... Incompreendida
E os homens escravos... Esqueceram-se de viver

Noites eternas como um piscar de olhos
Olhos vigilantes... Resumidos em lágrimas
Olhares que se apaixonam sem se cruzarem
E desperdiçam todas as oportunidades únicas

Noites onde escrevo a minha solidão
Sem tristeza... Sem mácula... Sem pudor
Preso nessas entranhas envelhecidas
Amarrado a esse gentil calabouço maternal

Noites que resolvo voar em divagações
Noites que escorrem pelas sarjetas...  E o sangue
Lava as mãos famintas de você... Que espera
O toque carinhoso... O beijo quente... O amor


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google